Darren Aronofsky não faz filme de
fácil digestão: Pi, Réquiem para um Sonho, Fonte da Vida e Cisne Negro são
obras desconcertantes, divisivas e polêmicas. Se você é um apreciador do
repertório do cineasta, certamente você vai adorar sua mais nova criação: mãe!
(mother!, 2017), se não, vai odiá-lo com todas as suas forças
(bem, hoje em dia, não se precisa de muito para se odiar algo né!). mãe! é – no
melhor sentido – desagradável, claustrofóbico, desconfortável, um chute no
estômago. mãe! não é um filme de terror, como o marketing diz ser, embora haja
momentos e artifícios que evoquem uma produção do gênero.
mãe! é sobre a Criação e o
Criador, a alegoria religiosa presente na obra é incontestável, ainda que
permita interpretações múltiplas, o fanatismo religioso e a devoção a
celebridades/deuses são claramente explicitados. Jennifer Lawrence vive
a mãe. De acordo com alguns dicionários, mãe significa amor, proteção,
alimentação. Indo ainda mais longe, a deusa Kali, a mãe segundo os hindus,
representa criação, preservação, destruição. E todos esses elementos são representados pela figura da protagonista ou
pela narrativa.