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27 de setembro de 2015

Scream Queens - Debochada, bizarra e divertida




Estreou esta semana a série Scream Queens, mais uma obra da mente criativa de Ryan Murphy, criador de Glee, American Horror Story e da antiga, mas ótima, Nip/Tuck.  Mais uma vez Murphy recria e mistura fórmulas batidas e se sai bem nessa tarefa, Scream Queens mescla comédia e o ambiente dos filmes adolescentes de fraternidades, como Meninas Malvadas e A Casa das Coelhinhas, com o terror trash de longas como Pânico. O resultado é uma série politicamente incorreta, bizarra, que não economiza nas mortes, no humor ácido e ainda arruma espaço para criticar a juventude fútil dos dias atuais.


A nova série da Fox é protagonizada por Emma Roberts, que sem esforço algum sempre faz bem o papel da bitch malvada e insuportável. A trama começa lá em 1995 - época em que Waterfalls, do TLC, era o hino das adolescentes - com uma garota parindo numa banheira em plena festa da fraternidade e morrendo logo em seguida. 


Nesse início, já notamos os diálogos rápidos e o pesadíssimo humor negro, que não deixam de ser hilários.  A história continua 20 anos depois com a Chanel (Roberts) no comando da Kappa Kappa Tau e “tocando o terror” com as suas fiéis escudeiras, Ariana Grande (Chanel 2) e Abigail Breslin (Chanel 5). Obviamente, os acontecimentos do passado têm relação com as mortes provocadas por um serial killer nos dias atuais no campus da universidade, mas esse mistério nós saberemos mais ao longo dos 15 episódios da primeira temporada.


Como se sabe, Ryan Murphy não consegue manter o nível de qualidade, em termos de roteiro, de suas séries por muito tempo, Glee descambou após a segunda temporada, o mesmo aconteceu com American Horror Story, cuja antologia Freak Show deixou muito a desejar. Então, espero mesmo que Scream Queens tenha um futuro melhor na TV, pois é uma série ousada e distinta de todo o resto.



Scream Queens tem um punhado de acertos que vale a pena comentar um por um. Além do já mencionado humor corrosivo, os diálogos debochados e imbuídos de referências pop são um deleite, a trilha sonora retrô - tão anos 90 - e as mortes  bem elaboradas, quase uma homenagem aos filmes trash dos anos 80, são muito melhores que as da série Pânico.  


Outro mérito da série é a de criticar a juventude contemporânea, fria, fútil, hipócrita, que prefere postar no Facebook o próprio assassinato a ligar para o 911.  Aliás, a cena na qual uma personagem conversa com o serial killer, de frente para ele, por mensagens no celular, é impagável. 



Além de Ariana Grande, Abigail Breslin e Emma Roberts, a série conta a ilustre presença da rainha do grito da vida real Jamie Lee Curtis, a Lea Michele e Nick Jonas, interpretando um gay novamente, mas menos dramático do que o seu papel na excelente Kingdom. Aliás, Jonas é responsável por momentos desconcertantes na série, como a surpresa vista no final do segundo episódio. 


Se Scream Queens manter o pé no acelerador como fez nos primeiros dois episódios e o Murphy não se perder nos excessos dentro da história, a série pode ser uma das melhores do ano, pois ela já é uma grata surpresa da TV.  Que a gritaria continue...


20 de setembro de 2015

Maze Runner: Prova de Fogo - Ordinário, mas divertido




No ano passado, o público aprovou mais uma adaptação juvenil, Maze Runner: Correr ou Morrer, baseado na obra de James Dashner. Estrelado pelo promissor Dylan O´Brien, de Teen Wolf, o filme teve êxito por ter uma premissa intrigante e um mistério crescente que segurava a atenção do espectador do início ao fim. Um ano após essa agradável surpresa juvenil, estreia a continuação, Prova de Fogo (Scorch Trials, 2015), que se distancia dos acontecimentos do livro e prefere se afogar nos clichês do gênero cinematográfico, tornando-a assim, inferior ao antecessor.


O fato é que Maze Runner: Prova de Fogo é uma aventura ordinária, convencional demais e que por mais que as sequências de ação sejam bem produzidas e de tirar o fôlego -  a cena do vidro, a do túnel, da tempestade, são ótimas -  elas são enfiadas goela abaixo à força para entreter o público-alvo, só por isso, não importa se tais cenas precisam ter algum sentido dentro da história. Pra que sentido, né? Pois o público só quer mesmo é ver o Dylan O´Brien correr....



Prova de Fogo começa bem, com Thomas (O´Brien) e  seus amigos enclausurados em uma fortaleza cercada de mistérios e incertezas, mas a previsibilidade ganha força quando os jovens sobreviventes do labirinto - aaaah, que saudades do labirinto, da Clareira... – enfrentam os perigos do deserto e de uma sociedade colapsada e desconfiada em meio a construções em ruínas. 


No primeiro Maze Runner, Thomas lutava não só contra criaturas horrendas, mas também contra o conformismo e a resistência daqueles que tinham medo de sair da Clareira, agora, o protagonista, destemido como sempre, tem que lidar com o desconhecido num mundo perverso e  ainda carrega consigo a responsabilidade de manter vivos todos os seus amigos que o seguem, mesmo sabendo que ele não tem plano algum.



Apesar de tudo o que citei e do final bagunçado, Prova de Fogo não é um filme ruim, diverte pacas, se salva pelos personagens carismáticos, o cenário distópico impressionante, as já citadas sequências de ação e deixa o público com altas expectativas para o próximo capítulo, que tem muito potencial para ser superior a este. Confira AQUI o trailer.


NOTA: 6,5

13 de setembro de 2015

Nocaute – Jake Gyllenhaal é a única estrela do filme de boxe




O auge, a queda e a redenção do boxeador Billy Hope sustentam a trama de Nocaute (Southpaw, 2015), novo filme do diretor de Dia de Treinamento, Antoine Fuqua, no qual é Jake Gyllenhaal o merecedor dos aplausos e de futuras indicações nas premiações dos próximos meses. Apesar de previsível, o longa tem “calibre” suficiente para figurar ao lado de outros ótimos filmes de boxe como A Luta Pela Esperança com Russell Crowe, O Vencedor com Christian Bale e Guerreiro com Tom Hardy.


A história inicia já com uma sequência nervosa dentro do ringue. Aliás, os primeiros 45 minutos de Nocaute jogam o público numa montanha-russa de emoções das mais variadas. No auge da fama e da popularidade, Billy Hope é acometido por uma série de acontecimentos avassaladores que mudam radicalmente a sua vida, tirando-o do pugilismo por um tempo.


Obviamente, como manda a cartilha de um bom filme de boxe, o retorno do homem ao ringue acontece, com uma luta acirradíssima e emocionante,  mas a força de Nocaute não está no roteiro - pode estar até nos versos agressivos das músicas do Eminem - mas é o protagonista e o seu intérprete quem dá um show.

Jake Gyllenhaal, transformado fisicamente, acrescenta mais um personagem marcante à sua trajetória sólida, com pouquíssimos trabalhos “irregulares” e repleto de bons projetos e personagens icônicos. Ultimamente Gyllenhaal mostrou a sua predisposição a papéis desafiadores em filmes notáveis como O Homem Duplicado e O Abutre. 


O rapaz, que eu sabia que era talentoso e teria uma carreira promissora desde o juvenil O Céu de Outubro, de 1999 - bem antes de Donnie Darko - entrega-se de corpo, alma e músculos ao difícil papel do boxeador Billy Hope, que tem tendências autodestrutivas, mas também muita vontade de recomeçar e de lutar contra seus próprios demônios. Seja nas cenas mais “explosivas”, dentro e fora do ringue, ou nas mais introspectivas e emocionais, Jake Gyllenhaal encontra o tom certo, sem excessos.


Nocaute é um filme agressivo, intenso, centrado unicamente no personagem de Billy Hope, sem deixar muito espaço para o elenco secundário, exceto para a novata Oona Laurence,  que dá vida à filha de Hope e é responsável por momentos comoventes que “derrubam” até os mais “machões”.




NOTA: 8,0
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