Páginas

22 de julho de 2014

Transformers: A Era da Extinção




A Era dos Excessos. Assim deveria se chamar o quarto filme da franquia bilionária dos robozinhos coloridos comandada pelo exagerado Michael Bay. Transformers: A Era da Extinção (2014) é o primeiro capítulo de uma nova trilogia (WHAT?!!!), segundo o anúncio do próprio diretor. Daí você me pergunta: E quem vai aguentar mais dois filmes de três horas sobre robôs gigantes lutando incansavelmente até a cidade estar completamente destruída? A resposta é simples: Muita gente. Queira você ou não, a franquia é um sucesso de bilheteria irrefutável, e isso significa que o público adora um “mais do mesmo”, um “arroz com feijão requentado trezentas vezes”, afinal, por que arriscar ir ao cinema assistir a um filme desconhecido se Transformers oferece e garante ao espectador, um espetáculo visual de encher os olhos e cenas de ação ininterruptas.


Muitos podem criticar Michael Bay pelos seus trabalhos, mas ele realmente conhece muito bem o seu público-alvo e lhe dar exatamente o que quer. Não digo que Bay é um péssimo diretor, ele é mestre no gênero no qual se consagrou e fez alguns dos melhores filmes de ação dos anos 90, A Rocha e Armageddon, e antes de entrar na saga robótica, realizou o seu melhor trabalho até agora segundo eu mesmo, o excelente A Ilha, de 2005. O que quero dizer é que o cineasta pode sim fazer filmes bons, mas infelizmente ele sucumbiu ao comodismo e ficou preso à fórmula pra lá de gasta da saga Transformers. E ele sabe da sua condição, a prova disso é um comentário de um personagem no filme que diz, "os filmes de hoje são um problema, só fazem sequências e refilmagens de mau gosto".

 Bay e Walhberg no set


Se você viu os filmes anteriores, então já sabe tudo o que vai acontecer, nem preciso falar muito do roteiro, que é um fiapo né! Humanos e robôs/carros se unem contra humanos maus e robôs maus para salvar a Terra da aniquilação, mas não sem antes destruir uma cidade inteira. O que muda nesta nova “fase” são as personagens. Sai o engraçadíssimo Sam Witwicky (Shia Labeouf) e entra o brucutu Cade Yeager, interpretado por Mark Wahlberg. Nicola Peltz (de Bates Motel) vive a filha de Wahlberg e o galã Jack Reynor, o namorado dela. Nenhum deles tem carisma e nem nos fazem rir como o atrapalhado do Sam e a sua família doida.


A Era da Extinção além de pecar pelos excessos, seja nas batalhas intermináveis e cansativas, na fixação do diretor em filmar no pôr do sol ou na própria duração do filme, são quase três horas de barulho e caos, este quarto capítulo falha também em tentar ser engraçado, a personagem de Stanley Tucci é o que mais tenta, consegue algumas vezes, mas soa forçado na maior parte do tempo, a culpa nem é do ator, mas do roteiro fraco. 

 Novos personagens, a mesma história

Transformers 4, no entanto, além de tecnicamente impecável, tem seus bons momentos, como quando Wahlberg sai no braço com um dos vilões enquanto vai descendo os prédios singulares da China e a sequência impressionante em que automóveis e navios são sugados pela nave alienígena, levados às alturas e largados novamente no solo. Em resumo, o novo Transformers diverte as crianças e a quem nunca viu nenhum filme da saga, mas cansa a mente e os ouvidos daqueles corajosos que já assistiram a todos os outros anteriores e que foram ver este capítulo com uma centelha de esperança de que Michael Bay faria algo diferente e mais divertido, assim como foi o primeiro filme.


NOTA: 4,0

18 de julho de 2014

Extant - Uma nova série enigmática






O gênero ficção científica e de suspense são os meus preferidos, razão mais que suficiente para eu começar a ver uma série ou um filme. Extant, novo seriado do canal CBS estrelado por Halle Berry, é o típico caso em que eu não poderia tardar muito em conferir a produção para saciar a curiosidade e satisfazer a minha ansiedade. Com uma trama futurística que mescla scifi e mistério, Extant tem produção executiva de Steven Spielberg, embora ele não contribua na parte criativa, o cara é meu ídolo e vejo tudo em que está envolvido.


As primeiras impressões são baseadas nos dois primeiros episódios da temporada, que terá 13 no total. Logo de cara, percebe-se que Gravidade e o seu sucesso retumbante teve muita influência na concepção do seriado, é impossível não se lembrar do filme de Alfonso Cuáron nas cenas de Halle Berry no espaço. Falando nisso, o visual futurístico e o design da nave espacial são alguns dos pontos fortes da atração televisiva.

Berry recebe visita inesperada no espaço


A história é sobre Molly Woods (Berry), uma astronauta que volta a Terra depois de passar mais de um ano no espaço, numa missão solitária. O problema é que a moça retorna grávida da missão. No piloto, as visões que Molly tem de um homem chamado Marcus, um amor do passado provavelmente já falecido, confunde o espectador e não temos certeza se Molly está tendo alucinações ou é tudo real.  Já no segundo episódio, já conseguimos elaborar algumas teorias, e começamos a pensar que o “homem” que ela viu no espaço, pode não ser exatamente um “fantasma” e que ela não esteja tão louca assim.


O que é certo mesmo, até este momento, é que Molly é envolvida numa trama de conspiração  de grande dimensão abrangendo o suicídio de um colega de trabalho, uma empresa bilionária e tecnologias de ponta. Goran Visnjic (de E.R.) interpreta o marido de Molly, Pierce Gagnon  (o menino estranho de Looper, aquele filme bacana de ação com Joseph Gordon-Levitt e Bruce Willis) é Ethan, o filho androide do casal.  Com uma atuação comedida e expressões sutis, assim como pede a personagem, o garoto promete roubar a cena da atriz oscarizada. Ethan é um personagem bastante promissor na série, sua história deve tomar mais espaço nos próximos capítulos, quando se deve discutir a coexistência entre humanos e robôs, sendo estes tratados não como máquinas, mas como uma companhia ideal para os humanos mais solitários.

 O tema homem vs máquina também é abordado na série


A história é intrigante e repleta de mistérios e perguntas, do jeitinho que eu gosto, no entanto, achei o piloto morno, ainda que tenha seus bons momentos. Mas, se o piloto não conseguiu segurar minha atenção, o segundo episódio conseguiu o feito e me deixou mais afoito pelos próximos acontecimentos. E Halle Berry demonstrou de verdade que já mereceu o Oscar que ela tem na sua estante.  Não tenho a mínima ideia do que vai acontecer. É uma série que demanda muita originalidade e bom senso dos roteiristas, espero que não enrolem muito em responder as perguntas e na solução dos mistérios. Extant tem tudo para agradar e conquistar o público que aprecia o gênero, boas doses de suspense, uma trama enigmática e reflexiva, principalmente, quando abordar a relação homem versus máquina.

13 de julho de 2014

O Grande Hotel Budapeste




O novo filme do inventivo Wes Anderson, O Grande Hotel Budapeste (The Grand Budapest Hotel, 2014) é uma daquelas obras cinematográficas deliciosas de ver, assim como o trabalho antecessor do cineasta, Moonrise Kingdom.


Da imaginação fértil de Anderson, somos levados a um mundo muito próprio e peculiar do diretor, cheio de cores e cenários pitorescos que parecem mais uma pintura, na verdade, O Grande Hotel Budapeste não deixa de ser uma obra de arte. A história se passa na cidade fictícia de Zubrowka, na Europa, lá nos anos 30. O protagonista Monsier Gustave é vivido por um inspirado Ralph Fiennes, e que ao lado de seu mensageiro Zero (F. Murray Abraham) são colocados em uma trama de mistério e conspiração envolvendo o assassinato da namorada de Gustave, Madame D, interpretada por Tilda Swinton.

 Fiennes e Swinton em cenário caprichado


Como já disse, a direção de arte é de encher os olhos, primorosa e repleto de detalhes, mas Anderson sabe que para conquistar o público, o apuro técnico precisa estar aliado a uma história envolvente e original e personagens cativantes, como a dupla de protagonistas e a doce Agatha (Saoirse Ronan). Aliás, figuras interessantes e agradáveis em aparições rápidas não faltam no filme, destaque para a presença de Edward Norton, Harvey Keitel, Willem Dafoe e Adrien Brody. Estes dois últimos, são os vilões da história, mas toca o espectador mais pela comicidade que pela crueldade dos personagens.

  A parte visual do filme é um dos grandes atrativos


Com sabedoria, o diretor alterna momentos de suspense, aventura, drama e comédia, sem nunca parecer algo disforme. A parte cômica está, em grande parte, centrada nos diálogos rebuscados entre Gustave e o seu amigo mensageiro do hotel. A sequência da fuga da prisão é um dos melhores momentos da fita. De forma lúdica e com um universo tão inconfundível, justificado pelos travellings e as paisagens "artísticas", O Grande Hotel Budapeste conta uma fábula que cativa e diverte, e se torna uma obra obrigatória para quem curte cinema de verdade.


NOTA: 8,5

2 de julho de 2014

Penny Dreadful - A Primeira Temporada




A série de terror do canal Showtime, Penny Dreadful (2014), é uma das melhores surpresas da TV este ano. Com o encerramento da primeira temporada, a série criada por John Logan e Sam Mendes (diretor de Beleza Americana e Operação Skyfall) apresentou uma qualidade inestimável no roteiro que soube mesclar com sucesso personagens de romances muito conhecidos como Drácula, O Retrato de Dorian Gray e Frankenstein. 

Ambientada na sombria Londres do final do século XIX, Penny Dreadful tem como protagonista Vanessa Ives, interpretada com intensidade e elegância por Eva Green. Ives é uma personagem interessantíssima e de densa complexidade, é uma mulher forte e misteriosa cuja alma é marcada pela vulnerabilidade a possessões demoníacas. Ou o demônio existe dentro dela? Enfim, apenas sei que os melhores momentos da série certamente são aqueles em que Vanessa está possuída por essa entidade macabra, e por isso, o sétimo episódio é aterrorizante e muito superior a muitos filminhos baratos de possessão que existem por aí. 


Com quase uma hora de duração, o episódio 7 se destacou por focar apenas na personagem de Vanessa e na sua luta para se livrar do demônio que a possuía. Em resumo, um capítulo poderoso e inesquecível. Aqui, vale ressaltar dois grandes acertos do seriado, a escolha de Eva Green para o papel - pressinto prêmios e prêmios para a sua atuação assombrosa - e a escolha muito bem-vinda dos roteiristas em dedicar um episódio inteiro para desenvolver uma só personagem.

Vanessa Ives é a protagonista e ela rouba a cena sempre, mas há outras personagens atraentes também. Ethan Chandler, vivido por Josh Hartnett, fazendo algo relevante após anos de esquecimento, é um forasteiro bom no gatilho contratado por Vanessa para uma caçada em busca de Mina, filha de Sir Malcolm (Timothy Dalton) raptada por vampiros altos, branquelos e de olhos vermelhos. A princípio, Chandler não desperta muita atenção do telespectador, mas isso muda a partir do episódio 4, quando uma cena inesperada e sexual nos surpreende e percebemos que sua personagem é bem menos rasa do que pensávamos. Aliás, uma das grandes surpresas do último episódio da temporada envolve Ethan Chandler e apenas posso dizer que ele terá um papel maior na próxima temporada.


O Dr. Frankenstein (Harry Treadaway) e a sua criatura (Rory Kinnear) também merecem menção e são peças importantes na trama. Nesse arco, a procura de Caliban (a criação de Frankestein) por um amor, a sua ingenuidade e a decepção com os seres humanos é uma das tramas mais delicadas da série. A cena em que ele é despedido do teatro por não ser aceito pelo elenco, é de partir o coração.

A primeira temporada de Penny Dreadful é para ver e rever, a série mistura demônios, monstros e cultura egípcia de uma forma verossímil, não tem pressa em desenvolver as personagens, tampouco se precipita em mostrar momentos sangrentos de forma gratuita. O elenco afiado, a direção de arte caprichada e o tom dark da história também são pontos positivos a destacar. O seriado ainda merece o nosso respeito e atenção, pois logrou renovar o gênero terror com figuras pra lá de conhecidas sem cair nos clichês, e como consequência, conquistou e impressionou o público. No Brasil, a série é exibida pelo canal HBO.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...