Um Drink no Inferno, filme trash
do diretor Robert Rodriguez e protagonizado por George Clooney e Quentin
Tarantino nos anos 90, ganhou uma promissora adaptação para a TV neste mês de
março. A série é exibida aqui no Brasil
pelo Netflix e nos EUA pelo canal El Rey Network. Após dezoito anos da estreia do
filme, a série é tão dedicada aos fãs saudosistas da obra de Rodriguez quanto
ao público que desconhece o original. Acredito que há mais chances de agradar a
um novo público, pois é uma opção diferente de programa, Um Drink no Inferno
(From Dusk Till Dawn, 2014) é uma série com estilo próprio, uma mescla de
western, filme policial e com toques de sobrenatural.
O primeiro episódio se baseia nos
primeiros dez minutos do filme. Os acontecimentos são idênticos, mas novos
personagens e ingredientes foram adicionados à trama para sustentar toda a
temporada. D.J. Cotrona e Zane Holtz dão vida aos irmãos criminosos Seth e
Richie Gecko, papéis que foram antes de Clooney e Tarantino. O piloto se passa
integralmente numa pequena loja de beira de estrada chamada Benny´s World of
Liquor. É onde os irmãos, já fugitivos da polícia, passam para comprar umas
coisinhas e terminam sendo protagonistas de um verdadeiro banho de sangue. Ah, antes disso, há um prólogo muito
desconcertante no qual uma mulher é jogada numa tumba cheia de cobras. A cena
por si só, já me fez querer ver a temporada completa.
Os irmãos Gecko: Assassinos instáveis.
O policial Freddie Gonzalez (Jesse Garcia) é
um dos personagens novos, seu trabalho será ficar no encalço dos irmãos e se
vingar pela morte do parceiro, vítima no tiroteio da loja de bebidas. Outra
novidade na adaptação de TV é que Richie está mais insano que no filme, além de
assassino e instável, o cara ainda ouve vozes e tem visões de criaturas
horripilantes.
Enquanto o piloto se concentra na
ação dentro da loja de bebidas, o segundo episódio apresenta pela primeira vez
a família que viaja em um trailer, personagens que a qualquer momento vão se
deparar com os Gecko. Harvey Keitel e Juliette Lewis faziam parte desta família
na produção original, na série, Jason Patrick (o T-1000 de Exterminador do Futuro
2) interpreta o pastor que perde a fé e “sequestra” seus filhos para uma
viagem sem rumo.
Robert Rodriguez dirige os dois
primeiros episódios, aqui ele pisa no
freio em relação às cenas de ação e no sangue – não parece nada o cineasta que conduziu filmes
como Sin City – porém, esses primeiros momentos da produção evidencia
a criatividade presente no roteiro que possibilita estender o universo mostrado
em um filme de 100 minutos numa série de 10 episódios, até agora, tudo está
funcionando de forma coerente, bem cuidadosa e sem situações forçadas.
Esse olhar e o pescoço à mostra diz muito né?
No obra cult, há uma reviravolta surpreendente
que divide o filme em duas partes distintas, então confesso que estou com altas
expectativas para este “momento” na série, o tom sobrenatural da trama é o que
mais me fascina. No segundo episódio, este “mundo fantástico e perigoso” já
aparece em uma cena breve e reveladora e que faz uma leve conexão com a cena
do ritual cheio de cobras lá do início do piloto.
A série Um Drink no Inferno já foi renovada para uma segunda temporada. Rodriguez
é um cara criativo, então as minhas expectativas são as melhores possíveis, o
elenco está ótimo – principalmente os atores que vivem os irmãos Gecko – e o
roteiro tem tudo para impressionar e se a série se aprofundar na parte sobrenatural
da trama, algo que o filme apenas deu uma pincelada, daí esta pode ser uma
grande surpresa para a TV este ano. Mas
nem tudo é perfeito, o seriado conta com um ritmo moroso e pouca ação, e isto
pode afastar aquele que não conhece a obra original. Exceto isso, Um Drink no Inferno
é uma série estilosa, despretensiosa e merece atenção.