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17 de fevereiro de 2014

Ela (Her)



O criativo diretor Spike Jonze explora em várias camadas os relacionamentos amorosos no tocante Ela (Her, 2013). Durante o filme acompanhamos o nascer e o desabrochar de uma história de amor entre um homem e um sistema operacional, vislumbramos um pouco as consequências de um relacionamento já terminado e há ainda um terceiro que já mostra sinais de desgaste.  É um tema difícil de falar, eu sei, você sabe, mas Jonze conseguiu dizer muito sobre o amor e a difícil tarefa de manter uma relação a dois.

Na verdade, falar sobre o amor envolvendo a tecnologia é um caminho já trilhado pelo cineasta. Anos atrás, Jonze dirigiu um curta, o espetacular Estou Aqui, um história comovente sobre dois robôs que se apaixonam. Se não viu, assista aqui!



Voltando a Ela, Joaquin Phoenix é Theodore, um homem melancólico e solitário, ainda bastante magoado com a separação da mulher. Até que um dia ele instala um sistema operacional em seu computador. A tal tecnologia tem a linda voz de Scarlett Johansson e a capacidade de evoluir e aprender de acordo com a interação que tem, nesse caso, o Theodore. Não basta muito tempo para que ele volte a sorrir e a viver mais por conta da relação agradável e “perfeita” com o computador.

Uma das muitas questões que o roteiro proporciona a gente pensar, é que as pessoas evoluem e se num relacionamento uma das partes não consegue acompanhar as mudanças do parceiro, a relação está fadado ao fracasso. Outra boa sacada do roteiro é tratar a relação homem x computador de forma natural, sem preconceitos, afinal, hoje em dia ter uma relação virtual não é mais uma novidade. No entanto, Jonze faz questão de mostrar, de forma sucinta, que as interações na vida real ainda são insubstituíveis.



Joaquin Phoenix, como sempre, está esplêndido em sua atuação, interagindo na maioria do tempo com uma voz sussurrando no ouvido. É um papel muito diferente do que ele vem fazendo ultimamente. Já a moça da voz, Johansson, mereceria até um prêmio especial por sua colaboração aqui, sua voz transmite alegria, tristeza, espontaneidade, compreensão e afeição não apenas a Theodore, mas ao público também, impossível não reagir a este casal improvável do cinema. Destaque também para a participação de Amy Adams -  sem os decotes e a sensualidade de sua personagem em Trapaça -  amiga do protagonista e que lentamente vai ganhando importância na trama.

Com sensibilidade e muitas cores, além de personagens tão vulneráveis e humanos, Spike Jonze tornou a sua love story um instrumento poderoso, profundo e reflexivo acerca das relações contemporâneas, sejam elas virtuais ou reais.


NOTA: 9,5

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