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14 de janeiro de 2014

O Lobo de Wall Street



A dupla dinâmica e talentosa Martin Scorsese e Leonardo DiCaprio retomam a parceria no agressivo e politicamente incorreto O Lobo de Wall Street (The Wolf of Wall Street, 2013). Scorsese conta a história de um fora da lei amoral, mentiroso e ganancioso de Wall Street. Jordan Belfort (DiCaprio) é um corretor de valores que constrói sua reputação e fortuna enganando pessoas vendendo ações baratas a preços exorbitantes.

O filme é baseado em fatos reais e aborda a ascensão e o declínio do corretor, Scorsese aborda a trajetória do personagem com muito humor negro e de forma exagerada, há muitos excessos, como o uso de palavrões, muitas cenas de personagens usando drogas - há mais drogas aqui do que em Réquiem Para um Sonho e Trainsporting juntos - muito sexo e até os próprios personagens são espalhafatosos. Claro, tudo isso é intencional, no entanto, Scorsese exagerou na duração, três horas pareceu longo demais para uma história que dava para ser contada em duas, não à toa minha empolgação na primeira hora do filme se foi no segundo ato e retornou na última hora do filme.

"Show me the money"

Monólogos motivacionais extensos do protagonista e algumas cenas de comédia bem forçadas envolvendo o personagem de Jonah Hill também faz de O Lobo de Wall Street um filme imperfeito, cheio de altos e baixos. Já que mencionei Jonah Hill, bom, seu personagem Donnie, sócio de Belfort, surge como um alívio cômico e até me fez rir no início, mas logo torna-se irritante e Hill se descontrola totalmente na sua atuação. Uma pena.

Mas quem provoca risos mesmo é Matthew McCounaghey, sua presença é breve mas marcante. A cena do restaurante em que seu personagem dá umas dicas de sucesso para Belfort (DiCaprio) é impagável. E se tem algo que faz os defeitos do filme se tornarem irrelevantes ele atende pelo nome de Leonardo DiCaprio. Leo está endiabrado, cômico, devasso, de um jeito que nunca vi. E mesmo que seu personagem seja um “filho da mãe” corrupto e desumano, o espectador vai torcer por ele de qualquer maneira. A cena em que Belfort tem uma paralisia e vai se rastejando até o seu carro, já é a cena mais estranha, hilária e inesquecível do ano, comprovando novamente o talento e a flexibilidade do ator. Para minha felicidade - e de muita gente por aí - DiCaprio levou o Globo de Ouro de Melhor Ator em comédia no último domingo. Será que finalmente ele vai ganhar o Oscar este ano?

Hill e DiCaprio em momento cômico

O Lobo de Wall Street pode não entrar no top 5 dos melhores filmes do diretor, tampouco deve ser ignorado. Permeado por diálogos espertos e técnicas visuais bem criativas como a conversa telepática ou o momento em que o protagonista olha diretamente para a câmera e fala com o espectador, Scorsese conta uma história interessantíssima que merece ser conhecida pelo público e que, quiçá, também vai aprender a vender uma caneta.


NOTA: 7,5

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