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31 de outubro de 2013

The Kings of Summer (Os Reis do Verão)



A adolescência não é um período fácil. É aquela fase em que ansiamos desesperadamente tornarmos adultos para gozar da liberdade e da independência que os pais, pensando no nosso bem estar, tentam frear. É sobre esse rito de passagem que trata o elogiado The Kings of Summer (2013). A produção indie tem sido apontada por aí como uma mistura de Na Natureza Selvagem e Conta Comigo, é verdade, mas o longa juvenil também tem sua própria identidade o que o qualifica como um dos filmes mais simpáticos do ano.

Joe (Nick Robinson, da série Melissa and Joey), Patrick (Gabriel Basso, do filme Super 8 e da ótima série The Big C) e Biaggio (Moises Arias, de Hannah Montana) são três amigos que decidem fugir de casa e resolvem construir uma “casa” no meio de uma floresta. Joe está fugindo da severidade  do pai, que ficou mais rancoroso após a perda da esposa. Já Patrick, foge de casa em razão do comportamento excêntrico e super protetor dos pais.


27 de outubro de 2013

O Conselheiro do Crime



Ao término da sessão do novo filme de Ridley Scott, O Conselheiro do Crime (The Counselor, 2013), a única cena realmente memorável que ficou na minha mente é a da personagem Malkina (Cameron Diaz arrasando) em um momento sexual e bizarro em cima de um carro. Não por acaso, é a loira atriz quarentona que surpreende e se destaca na produção composta por um elenco de peso com nomes como Michael Fassbender, Javier Barden, Brad Pitt e Penélope Cruz.

Bom, já que a obra do prestigiado cineasta é tão morna que dá preguiça de escrever sobre a trama, vou falar mais sobre a Cameron Diaz e sua atuação hipnótica, de longe, a melhor qualidade do filme.  Malkina, sua personagem, exala frieza, agressividade e outras impressões negativas desde o primeiro momento em que surge em cena.  Minhas impressões são confirmadas pouco tempo depois, na cena em que contracena com Penélope Cruz, instantes de muita sensualidade e diálogos ambíguos. Um dos bons momentos da fita.

Diaz: sexy e fatal.

Diaz está incrível, ofusca o seu parceiro de cena Javier Barden - bem caracterizado fisicamente mas numa performance sem muito brilho - e seu desempenho como uma mulher complexa e dúbia bem que poderia lhe render ao menos uma indicação ao Globo de Ouro, este seria um bom momento para a atriz desviar um pouco da imagem de comediante e mostrar a todos sua versatilidade.

Com um elenco invejável, obviamente que este não é o defeito do filme. O Conselheiro do Crime peca pela linearidade do roteiro de Cormac McCarthy (autor de A Estrada) e pelo texto rebuscado. Alguns diálogos são maravilhosos, é verdade, mas há outros que soam forçados demais e destoam da realidade ficcional.

Barden e Fassbender em cena.

Sobre a trama, vamos lá, um conselheiro (Fassbender, competente como sempre) decide participar de um negócio ligado a tráfico de drogas a fim de ganhar dinheiro fácil. Sabemos desde o começo que ele vai se dá mal e todos avisam das consequências que está sujeito a sofrer e dos dilemas morais que enfrentará. Daí quando algo sai errado, o roteiro mostra suas fraquezas, e o efeito disso é que o espectador não sente - e não vê - que ocorreu uma "reviravolta" e fica perdido até o último ato. Não sei, talvez estejamos muitos acostumados com os formatos do suspense hollywoodiano com suas reviravoltas mais incisivas, quem sabe a ideia de McCarthy era justamente entregar uma obra que fugisse do "arroz com feijão". Também penso que se a trama fosse não-linear, a exemplo de 21 Gramas, o resultado poderia ser melhor e a jornada infinitamente mais interessante.

No geral, O Conselheiro de Crime tem bons momentos, que funcionam separadamente, mas em um quadro geral, o resultado é frustrante. E desde Hannibal o Sr. Scott ainda continua devendo um bom filme aos fãs.


NOTA: 5,5

21 de outubro de 2013

Os Suspeitos (Prisoners)


Um suspense engenhoso e intrigante e um elenco com atuações poderosas. Os Suspeitos (Prisoners, 2013), novo filme de Denis Villeneuve (Incêndios) impressiona e mantém o espectador atento em duas horas e meia de filme.

Na trama, Keller Dove (Hugh Jackman) tem a filha desaparecida, inconformado e desesperado com o trabalho da polícia que liberou o único suspeito do sequestro, Alex (Paul Dano, em mais um papel de desequilibrado), o pai resolve fazer a sua própria investigação. Jake Gyllenhaal vive o Detetive Loki, encarregado de resolver o caso.

Apesar de ter atrizes renomadas como Viola Davis, Melissa Leo e Maria Belo no elenco, o suspense se sustenta nos tipos masculinos, nos dois protagonistas interpretados formidavelmente por Jackman e Gylllenhaal. Enquanto o pai se torna prisioneiro de seu desespero querendo fazer justiça a qualquer preço - utilizando-se até de meios violentos - do outro lado, há o detetive sendo escravizado pela sua obsessão em solucionar o caso e encontrar a menina desaparecida.

E o melhor filme de Jackman do ano 
não é Wolverine.

Os Suspeitos (não entendo a razão pelo qual este filme não recebeu a tradução original, que seria Prisioneiros, e ganhou um título que já pertence a outro, o suspense de Bryan Singer protagonizado por Kevin Spacey) é uma produção que precisa ser valorizada não apenas pelas atuações marcantes, mas também pelo trabalho profundo e psicológico em cima dos personagens principais, a ambientação opressora, e o mais importante, o roteiro inteligente, repleto de reviravoltas e que consegue se livrar de soluções fáceis e clichês do gênero.

Jackman, Gyllenhaal e Villeneuve.

Denis Villeneuve obviamente também merece o crédito pela condução da obra e por atribuir à produção um ritmo eficiente e que não cansa o espectador em nenhum momento durante as duas horas e meia de projeção. O cineasta - é novato em Hollywood e você ainda vai ouvir falar muito dele - já tem um novo e intrigante filme finalizado, Enemy, baseado em uma obra de José Saramago e protagonizado, novamente, por Jake Gyllenhaal, ultimamente escolhendo muito bem seus papéis. That´s my boy.



NOTA: 9,0

13 de outubro de 2013

Gravidade



Uma obra de arte. O filme do ano. Da década. Faltam adjetivos e títulos para caracterizar o novo trabalho do cineasta mexicano Alfonso Cuarón. Gravidade (Gravity, 2013) é um ensaio poético e de visual arrebatador sobre o renascimento.

A trama deste drama espacial se concentra na Dra. Ryan Stone (Sandra Bullock) e no comandante da missão Matt Kowalsky (George Clooney). Após serem atingidos por uma chuva de lixo espacial, os dois ficam a esmo vagando na imensidão escura do espaço. A situação em si já é desesperadora, mas Cuarón faz tudo ficar dez vezes pior a ponto de nos deixar à beira de um ataque cardíaco.

Oscar para ela!

O diretor usa a chuva de destroços espaciais como uma metáfora para algumas adversidades pelo qual a personagem de Sandra passou na vida. E mesmo que elas sejam dolorosas, sempre há a chance do renascimento, de voltar a viver plenamente. As cenas de “renascimento” são belíssimas e antológicas. Como o momento - cheio de significados - em que vemos pela primeira vez a Dra. Stone sem o traje de astronauta ou a cena comovente da lágrima flutuando. Na verdade, Gravidade é inteiro e tecnicamente lindo. Os longos planos sequência e as coreografias espaciais são outros deleites da ficção científica.

Quanto aos únicos dois personagens do drama, faltam elogios à atuação marcante de Sandra Bullock. Mostrando mais uma vez que seu talento não se restringe a papéis em comédias românticas. A campanha Oscar de Melhor Atriz para Sandra já começou. Já Clooney, está charmoso como sempre, ele é o alívio cômico responsável por deixar a sua colega de trabalho, e o público, um pouco menos aflitos nesta situação aterradora.

Gravidade é mais uma grande obra a figurar na filmografia de Cuarón ao lado de E Sua Mãe Também, Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban e Filhos da Esperança. Uma perfeição cinematográfica inigualável e uma experiência emocionalmente impactante.

                                                                                                   

 NOTA: 10,0                                      

9 de outubro de 2013

Sandra Bullock: A queridinha da América



Sandy é a melhor”, diz George Clooney sobre a sua amiga e parceira no filme Gravidade, Sandra Bullock. E quem ousa contradizer o galã? Eu não. Sandra Bullock é a atriz mais carismática do universo hollywoodiano, seu humor cheio de ironias conquistou a todos em dezenas de comédias que participou e foi até eleita a Queridinha da América nos anos 90. Para mim, ela ainda é a queridinha da América. Sandra vive um dos melhores momentos de sua carreira, sua atuação em Gravidade – provavelmente o melhor filme do ano - vem sendo muito elogiada pela imprensa e As Bem Armadas, comédia com Melissa McCarthy, foi um sucesso de  bilheteria nos EUA. Em razão disso, preparei um post com os melhores trabalhos desta competente e simpática atriz segundo este que vos fala.

                                                    
O Demolidor (1993) – Neste filme de ação futurístico protagonizado por Sylvester Stallone, é a Sandra Bullock, no primeiro papel de destaque de sua carreira, quem ofusca o truculento Rambo. Bullock vive uma policial, Lenina Huxley, apaixonada pela cultura do século XX e encanta seu parceiro John Spartan (Stallone) e nós, espectadores, com seu sorriso brilhante e suas tentativas de falar as gírias dos tempos passados. Sem o alívio cômico da personagem Lenina O Demolidor seria apenas mais uma boa fita de ação do Stallone dos anos 90.


Velocidade Máxima (1994) – Após esta produção a vida de Sandra nunca mais foi a mesma.  Ao lado de Keanu Reeves, Bullock protagonizou este que é um dos melhores e mais importantes filmes de ação da década de 90. Dirigido com mão firme por Jan de Bont (quase 20 anos depois do lançamento, este continua sendo o melhor filme do cineasta) Velocidade Máxima é uma fita de ação com altas doses de adrenalina, mas trabalha bem o desenvolvimento dos protagonistas.  É impossível não torcer pelo happy ending do casal Keanu e Sandra, cuja química é impressionante.  Sempre que vejo VM eu constato: já não se fazem blockbusters como antigamente.


Enquanto Você Dormia (1995) – Confesso, não vejo muitas comédias românticas -  exceto aquelas que tem a nossa  homenageada no elenco – mas esta é daquelas das mais agradáveis e que sempre que possível eu assisto novamente. Sandra é Lucy, trabalha na bilheteria do metrô e de forma platônica é apaixonada por um passageiro que todos os dias passa por ali. Um dia ele sofre um acidente e ela o salva levando-o ao hospital. O tal passageiro fica em coma e a família dele pensa que ela é a noiva dele. Bem, a situação se complica ainda mais quando ela conhece o irmão do cara, vivido por Bill Pullman. Com uma personagem simples, solitária e sonhadora, Enquanto Você Dormia evidencia a versatilidade da atriz e a sua aptidão para papéis mais dramáticos.


A Rede (1995) – Um dos longas menos conhecidos da atriz, mas é um thriller tenso com uma trama muito bem construída. Angela (Bullock) é uma especialista de informática envolvida em uma conspiração e que tem a sua identidade e passado apagados. Dirigido por Irwin Winkler, A Rede é um suspense angustiante - este filme me marcou muito na adolescência - e conta com a querida Sandra em um papel mais sério,  sem demonstrar muito aquele sorriso cativante de O Demolidor ou o humor irônico de Miss Simpatia. Vale a pena procurar e assisti-lo.


Miss Simpatia (2000) -  Após protagonizar tantos fracassos seguidos, Sandy fez as pazes com o sucesso. Miss Simpatia foi o filme em que a queridinha da América ressurgiu da “escuridão” para reconquistar o público e a crítica especializada. A personagem Gracie Hart, uma policial masculinizada que precisa se disfarçar de miss, foi feito na medida para Bullock. Não vejo outra atriz em seu lugar. A comédia policial é repleto de cenas hilárias e inesquecíveis. Os momentos em que Sandra e Michael Caine estão juntos são sempre impagáveis. Uma delícia de filme com Sandrinha do jeito que eu gosto, fazendo-me rir.


Um Sonho Possível (2009) - Há quem diga que Sandy não mereceu o Oscar de Melhor Atriz por este drama, mas isto é intriga da oposição invejosa. Bullock não só mereceu o Oscar por sua atuação competente e sincera, mas acredito que os prêmios que levou na época também foi uma forma da Academia reconhecer publicamente o talento e o trabalho da atriz em mais de 20 anos de carreira, e claro, um pretexto para ressaltar que, Sandra Annette Bullock, está na área e que o posto de Queridinha da América ainda está sendo ocupado. Sobre o filme, bem, Um Sonho Possível é um drama familiar baseado em fatos reais, uma história de superação feita para emocionar e fazer-nos refletir sobre nossas vidas e objetivos.


Outros bons filmes da atriz merecem menção honrosa: O doce A Casa do Lago, o irônico Amor à Segunda Vista, o tenso Crash - No Limite e o divertido A Proposta.


6 de outubro de 2013

Aposta Máxima



Aposta Máxima (Runner, Runner, 2013) é o primeiro filme em que Justin Timberlake atua como protagonista, porém, este não é o melhor trabalho do cantor no cinema do qual participa. Quer ver mesmo um filme realmente bom com o “presidente do pop”? Então assista Alpha Dog, A Rede Social ou Amizade Colorida. Todos são bem mais interessantes e infinitamente mais envolventes que este drama sobre jogos e trapaças.

Richie (Timberlake) é um apostador que perde tudo em um site de apostas. Ao descobrir que foi trapaceado, ele vai à Costa Rica conversar com o chefão, o dono da empresa Ivan Block, interpretado por Ben Affleck.  Não demora muito para Ivan contratar o garoto para trabalhar  com ele, mas a relação entre os dois vai ficando perigosa e Richie vai descobrindo que esse  mundo de luxo e dinheiro vem acompanhado também de muitas intrigas, falsidade e situações desconfortáveis que põem em risco a sua vida e a integridade de seu caráter.

"I bring the sexy back."

Aposta Máxima tem como diretor Brad Furman, de O Poder e a Lei, o cineasta acertou na criação das cenas de tensão, na ambientação da trama, mas infelizmente o roteiro raso e previsível e a falta de profundidade das personagens torna o longa em nada mais do que uma fita descartável.

Gemma pronta para seduzir Justin.

Felizmente nem tudo é ruim. Timberlake e Affleck estão muito bem em seus papéis. Ben, interpretando o seu primeiro vilão, mostra-se bem à vontade, embora eu atualmente prefira ele atuando como diretor. Já Gemma Arterton está linda, é só. Sua personagem é mal desenvolvida e o único objetivo de sua presença na produção é dá uns amassos no mocinho do filme. Talento desperdiçado.

Em se tratando de filmes sobre jogos e apostas ainda  prefiro o divertido Maverick, estrelado por Mel Gibson e Jodie Foster. Com apenas 90 minutos de duração o filme não cansa o espectador, mas esquece-se dele assim que as luzes do cinema se acendem.
                                                                                                                  

NOTA: 5,0

2 de outubro de 2013

Obsessão (The Paperboy)



Estreia esta semana por aqui na terrinha o “novo” trabalho de Lee Daniels, Obsessão (The Paperboy, 2012). Eu digo “novo”, com aspas, porque o longa estreou nos EUA mais de um ano atrás, tempo suficiente para que todos os fãs de Nicole Kidman e de Zac Efron principalmente, pudessem conferir o menino de cueca branca na telinha do PC, e tanto tempo se passou desde a sua estreia original que o cineasta já lançou outro filme lá fora, o sucesso O Mordomo, desde já um forte candidato ao Oscar 2014. Pensei que Obsessão seria lançado no início do ano, época das premiações - Kidman até foi indicada como Melhor Atriz Coadjuvante por sua atuação nesta produção - mas ele estreia só agora em outubro. Que descaso. Mas caso a sua internet seja lenta e você não baixou o filme, ele está agora nos cinemas.

The Paperboy ficou conhecido nos festivais e na mídia sensacionalista como o filme em que Nicole Kidman urina em Zac Efron. Alguns consideraram a cena chocante. Bom, Kidman disse em uma entrevista que não achou nada disso e alegou que “violência choca mais”. Povo puritano. Eu também não achei a cena nada perturbadora, é inusitada, mas acredite, há outras cenas bem mais desconcertantes. Na verdade, Obsessão é cheio de momentos chocantes cujo único objetivo é mesmo incomodar o espectador.

Um furacão chamado Charlotte.

Obsessão é baseado no livro de Pete Dexter e conta com um elenco estelar e performances dignas. Na trama, Matthew McCounaghey volta à sua cidade natal para investigar um assassinato e provar que Hilary (John Cusack, assombroso) é inocente. Junta-se a ele a vulgar Charlotte (Kidman) que é apaixonada pelo prisioneiro, o irmão Jack (Zac Efron) e um jornalista arrogante interpretado por David Oyelowo. Todos desempenham bem seus papéis, mas é Kidman que se destaca como uma Barbie despudorada, sexy, engraçada e que parece está sempre chapada.  

Podem falar mal do botox da atriz, mas sua atuação é incrível e sabe aquelas cenas desconcertantes que falei, bem, ela está na maior parte delas.  Macy Gray, a cantora, também está no elenco e se destaca como a empregada Anita, que trabalha na casa de Jack (Efron).  Sua relação terna com o garoto constrói alguns momentos comoventes, o que soa estranho em uma película permeada pelo erotismo e cenas que soam ridículas, mas isso é algo bom, pois percebe-se que o diretor quis fazer um filme que causasse reações das mais diversas.

Matthew e Zac: atuações marcantes.

Como aconteceu em Preciosa, Lee Daniels estabelece uma narrativa que inclui a discussão de temas sociais como o racismo e utiliza-se de cenas desconfortantes para impactar o público, a diferença é que em Obsessão, ele tomou gosto pelo “incômodo” ,  e lhe dou o mérito por tal escolha. Finalizando, Obsessão é provocante e sensual demais, um thriller incomum, mas muito merecedor de um ingresso de cinema.


NOTA: 7,5
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