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24 de fevereiro de 2013

O mórbido Frankenweenie




Um monte de crianças bizarras decidem ir para o cemitério e ressuscitar animais para uma feira de ciências da escola. De quem é o filme que estou falando? Acertou quem disse, “é do Tim Burton”. Em Frankenweenie (2012), a bizarrice é uma coisa bem normal. Este é o último trabalho do diretor, lançado em novembro passado, mas que agora sai em DVD.

A animação em stop motion e em preto e branco, apesar de ser produzida pela Disney, não possui aquelas figuras fofas e coloridas que estamos acostumados a ver, em Frankenweenie, como é de se esperar de um filme de Burton, os personagens são fisicamente estranhos e assustadores, principalmente o amigo corcunda de Victor, Edgar, ele é mais feio que os mortos-vivos que aparecem aqui. A fofura fica por conta da linda (e trágica) história de amizade entre um humano e um cão.

Este é Edgar, ele não é assustador gente?

Victor é um garoto tímido, cujo único amigo é o seu cachorro Sparky. Um dia, Sparky é atropelado e morre (sim, é isso mesmo, mas a cena é bem feita e não é chocante). Inconsolável e desolado, Victor não aceita ter Sparky apenas em seu coração e em suas lembranças, mas ali, pertinho dele fisicamente. Então o garoto resolve fazer um experimento e ressuscita o cachorro, o problema vem depois, quando seus colegas de escola resolvem fazer a  mesma experiência.

Este é um remake de um curta metragem feito pelo Burton em 1984, renegado pela Disney na época por considerar a história mórbida e assustadora demais para as crianças. Anos se passaram, agora o diretor tem todas as regalias do estúdio – após o sucesso estrondoso de Alice – no entanto, continuo achando Frankenweenie um filme difícil, por não ter um público definido, e ainda bizarro demais para as crianças pequenas.

O Criador e as suas criaturas.

A animação é um retalho de referências aos filmes clássicos de monstros dos anos 30, 40 e 50, que contribuíram bastante para a formação e o estilo adotado pelo cineasta. Drácula, lobisomem, múmia, todas essas criaturas são homenageadas na produção.

Frankenweenie é sombrio sim, mas é uma delícia de assistir, fala sobre amizade, família, e a dor de perder um ente querido. A animação tem uma bela cena de abertura e um humor negro bem característico de Burton – destaque para o gato que faz cocôs que preveem o futuro. What? Hilário - além, obviamente, do desfile de seres burtonianos e pra lá de esquisitos. Frankenweenie é divertido, mas antes de tudo, é um filme para os fãs do cineasta.

Quem deseja adentrar mais no mundo bizarro do cineasta e ver seus outros filmes, meses atrás eu escrevi um post sobre os seus melhores trabalhos. Clique aí em O Mundo Fantástico de Tim Burton.

17 de fevereiro de 2013

Paul Thomas Anderson e os personagens marcantes de seus filmes



Um dos meus diretores favoritos, Paul Thomas Anderson, saiu do cinema independente, apesar da curta filmografia, é um dos queridinhos da crítica. São características de seus trabalhos o elenco grande e recheado de estrelas, a presença de muitos diálogos, os longos takes, e drogas, sexo e outros temas polêmicos, permeiam suas produções que geralmente beiram as três horas de duração. 

Apesar de ter sempre os seus trabalhos aclamados, nunca levou o Oscar de Melhor Diretor ou de Roteiro Original para casa. Para mim, uma das principais características do Paul é a de extrair atuações extraordinárias de seu elenco masculino, é justamente esta abordagem que vou tratar aqui. Aproveitando a indicação ao Oscar de Melhor Ator para Joaquin Phoenix, de seu último filme, O Mestre, os dramas anteriores de PTA nos presentearam com performances inesquecíveis e marcantes de atores que nos tocaram por várias razões, seja pela ousadia de certos astros na interpretação de tipos incomuns ou pela intensidade dramática de um personagem.



Dirk Diggler (Boogie Nights: Prazer Sem Limites, 1997)  -  Foi com essa obra-prima sobre os bastidores do mundo pornô que Paul Thomas Anderson chamou a atenção e se transformou em um dos mais promissores diretores de Hollywood. Foi aqui também, que Mark Wahlberg, antes de se enveredar pelos filmes de ação, mostrou competência na arte de atuar. Mark interpreta Eddie, um lavador de pratos e constantemente humilhado pela mãe por sua vida acomodada. A vida do rapaz muda radicalmente quando um diretor de filmes pornôs o encontra e sente que por trás do jeans do garoto se esconde um instrumento muito “poderoso”. Eddie adota o nome de Dirk Diggler e se torna a maior estrela pornô dos anos 70. Boogie Nights mostra os dias de luxo e glamour do astro até o seu declínio em razão das drogas. Wahlberg conquistou a crítica com o seu desempenho aplicado e sensível. Diggler continua sendo um dos seus (poucos) papéis realmente relevantes no cinema.


Frank Mackey (Magnólia, 1999)  - Este poético e complexo filme é o meu favorito do diretor. Embora tenha incontáveis personagens e um elenco bem harmonioso, é Tom Cruise, vivendo um guru do sexo chamado Frank Mackey que se destaca. Assim como Mark Walhberg nos surpreendeu em Boogie Nights, o astro de Missão Impossível nos impressionou com um personagem ousado e diferente de tudo que já tinha feito. Paul Thomas Anderson escreveu o personagem especialmente para o ator, e Cruise o agarrou com unhas e dentes e o fez de uma forma inesquecível. Mackey nos faz rir, chorar e até cantar. O que? Não viu esse filme ainda? Não sei o que você está esperando...


Eli Sunday (Sangue Negro, 2007)O personagem que vou citar neste drama carregado sobre petróleo versus religião não é o protagonizado por Daniel Day-Lewis, mas o de seu antagonista, Eli Sunday, vivido com garra e intensidade pelo ainda desconhecido, mas talentoso, Paul Dano (Pequena Miss Sunshine). Eli Sunday é um fanático religioso que está sempre em pé de guerra com Daniel Plainview (Lewis), um homem rancoroso e ambicioso que perfura terrenos em busca de petróleo. As cenas entre eles são carregadas de tensão e ódio, como a antológica cena do batismo de Daniel ou a chocante cena final. Não é exagero eu dizer que Paul Dano se destaca mais que o estimado Daniel Day-Lewis, ambos apresentam performances arrebatadoras, mas quando os créditos sobem, é Paul, não o ator, mas o seu personagem, que fica na nossa memória.


Freddie Quell (O Mestre, 2012)Joaquin Phoenix merece levar o Oscar de Melhor Ator este ano. Sua atuação é um assombro. Freddie anda como se carregasse o mundo nas costas e fala torto como estivesse sempre bêbado, estes são detalhes físicos incorporados pelo ator que já lhe valeriam o Oscar. O Mestre é um filme estranho, não muito tolerável para quem desconhece o estilo do diretor, porém, é Joaquin Phoenix a melhor coisa da produção, seu personagem é explosivo, um alcoólico inveterado e imprevisível, é sua presença em cena que nos prende a  atenção. Se em Gladiador, Joaquin brilhou como o vilão do épico de Ridley Scott e quase  roubou a cena de Russel Crowe, agora ele tem todos os holofotes para si e os aproveita muito bem, ele ofusca até o seu parceiro Philip Seymor Hoffman, o “mestre” do título.

12 de fevereiro de 2013

Meu Namorado é um Zumbi




Os mortos-vivos estão tomando conta de tudo mesmo, e nem o gênero “comédia romântica” conseguiu se safar dessa invasão. O mais novo "filme de zumbis" é a comédia Meu Namorado é um Zumbi (Warm Bodies, 2013), sobre um jovem morto-vivo que se apaixona por uma humana, apesar da premissa parecer improvável e tosca, a produção impressiona e agrada.

Nicholas Hoult (falo dele mais pra frente) é um cadáver ambulante que se apaixona por Julie (Teresa Palmer), um pouco depois de comer o cérebro do namorado da garota. Para a segurança de Julie, ele a leva para o seu “lar”, um avião abandonado, e lá, ela fica sabendo que “R” – o garoto zumbi não lembra seu nome – não é tão ruim assim, ele idolatra os vinis e tem bom gosto musical. Nunca imaginaria que eu, em algum dia de minha existência, iria gostar de ouvir a balada Patience do Guns´n Roses em um filme, mas curti.

Cara de um, focinho...

R não fala muito no início, mas suas reflexões acerca de sua condição cadavérica – narrada em off -  são hilárias, ele tira sarro da sua própria espécie, em razão disso, Meu Namorado é um Zumbi se torna uma sátira muito divertida, não é para se levar a sério, mesmo.

A escolha de Jonathan Levine na direção foi feliz, quem já viu o drama 50% com Joseph Gordon-Levitt, sabe que o diretor é sábio no uso do bom humor para contar uma história que apresente elementos densos. Se no seu trabalho anterior ele soube dar leveza a uma história sobre um jovem que tem câncer, em Warm Bodies usou o humor para compensar aqueles momentos de romance e outros mais tensos, como as cenas de suspense e correria a la The Walking Dead.


Nicholas e Teresa encurralados por zumbis famintos...

Com muitas referências pop - a "homenagem" à Uma Linda Mulher é impagável - , uma trilha sonora nostálgica e muito bem acertada e um roteiro bem redondinho, com início, meio e fim bem delineados, sem falar na total entrega de Nicholas como o zumbi apaixonado, Meu Namorado é um Zumbi - esse título foi feito para afugentar o público, só pode, ignore-o  -  é a primeira e boa surpresa de 2013, sem dúvida.

Nicholas Hoult é um dos astros jovens em ascensão em Hollywood na atualidade, aos poucos ele vem marcando presença em filmes independentes e em grandes produções, porém, no mundo fora de Hollywood, seu talento já fora reconhecido há muito tempo, e ele ainda era uma criança. Confira abaixo, os trabalhos mais marcantes desse promissor ator britânico.


Um Grande Garoto (2001) - Nesta deliciosa comédia dramática, Hoult vive um garoto gordinho e depressivo que se depara com Will, protagonizado por Hugh Grant, um homem rico, esnobe e vazio por dentro. Os dois se tornam amigos e acabam ensinando muito um ao outro.




Skins (2007-2008) – Depois de Um Grande Garoto, não vi nada mais do Nicholas no cinema, até me deparar com esta série inglesa polêmica, sobre um grupo de jovens desregrados envolvidos com muito sexo, drogas e intrigas. Nicholas vive Tony, o cara popular  e bonitão da escola, porém, o mais cruel, arrogante e ás vezes, desprezível, do grupo de amigos. Certamente foi essa série que colocou o ator no radar de Hollywood.


Direito de Amar (2009) –  Neste longa bem elogiado pela crítica, Hoult vive um jovem de presença marcante que se sente atraído pelo seu professor George (Colin Firth), em crise desde a morte do seu amante. Uma produção de estética caprichada, pudera, é o primeiro filme do estilista Tom Ford, e de grandes atuações de todo o elenco. O longa foi uma grande oportunidade para que Hoult pudesse se despir de seu personagem anterior na série Skins, sua atuação é madura e hipnotizante.


X-Men: Primeira Classe (2011)Hollywood, here I am. Nicholas teve sorte, sua primeira participação foi numa megaprodução considerada um das melhores daquele ano, e ainda contracenou com gente talentosa, como Jennifer Lawrence (com quem teve um breve affair) , Michael Fassbender e James McAvoy. Hoult vive o Dr. Hank, que logo se transforma no mutante Fera.



Somente grandes produções no futuro deste jovem ator. Este ano, logo nós vamos vê-lo matar gigantes em Jack: O Caçador de Gigantes, e em 2014, ele vai estar nas telonas com o remake de Mad Max e na sequência de X-Men, Dias de um Futuro Esquecido

8 de fevereiro de 2013

O Lado Bom da Vida



Não importa quantos problemas você tenha, é preciso sempre manter a cabeça erguida e seguir em frente, sempre pensando positivo, pois a vida vai voltar a sorrir para você mais cedo do que imagina, e quem sabe, isso deve acontecer ao lado das pessoas mais improváveis. Esta é a mensagem, uma delas, transmitida pelo excelente O Lado Bom da Vida (Silver Linings Playbook, 2012), indicado a 8 Oscars, e ao lado de Argo, meu preferido na premiação.

Bradley Cooper vive Pat, um cara bipolar e recém-saído de uma instituição para doentes mentais.  Ele volta para a casa após ficar internado oito meses no local, e além de lidar com suas crises, ainda convive com o pai (Robert De Niro) que sofre de transtorno obsessivo compulsivo. Sua vida muda quando conhece uma garota mais louca e explosiva que ele, Tiffany, protagonizada pela onipresente Jennifer Lawrence. Obviamente você já deve ter percebido que se trata de uma história de superação, e já começou a vislumbrar o filme na sua mente, assim como o seu final.

Lawrence e Cooper: Atuações marcantes.

O Lado Bom da Vida, eu vou confessar, é mesmo um pouco previsível e sentimental, mas o diretor David O. Russell (do indispensável Três Reis) não se rendeu à pieguice, e criou uma adorável e bem humorada comédia, explorando temas psiquiátricos, mas com pitadas bem dosadas de drama e romance.

A força do filme não está na história em si, mas nos personagens e nos diálogos afiados e irônicos. As melhores cenas são aquelas com Pat e Tiffany, as conversas - sinceras demais - entre eles sempre despontam faíscas por todos os lados. Cooper, que ficou conhecido mundialmente por Se Beber Não Case, mostra seu talento além da comédia escrachada e surpreende, não à toa recebeu uma indicação ao Oscar. Mas é Jennifer que se sobressai. Sua presença em cena é demasiadamente poderosa, provavelmente deve levar o Oscar de Melhor Atriz este ano, consolidando-a como uma das atrizes jovens mais bem sucedidas de Hollywood, adorada pelo público teen (é a protagonista do hit Jogos Vorazes) e pela crítica especializada.  

Mais uma daquelas conversas carregada de humor negro ...

Mesmo tratando de problemas relacionados à mente humana, O Lado Bom da Vida é um daqueles feel good movie que te faz bem, nesse caso, isso é por causa dos personagens incomuns, cheio de falhas, mas apaixonantes, e também pelo final dançante. 

Já dediquei um post só para a Jennifer Lawrence, exaltando o seu talento e os seus melhores trabalhos. Confira aqui!


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