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25 de outubro de 2012

As Vantagens de ser Invisível




Nós somos infinitos. Quando pensamos que já experimentamos os mais diversos tipos de sentimentos, eis que novas emoções surgem para a nossa surpresa. Quando achamos que conhecemos o suficiente os nossos amigos, então eles fazem algo inesperado e nos surpreendem, ou no pior caso, nos frustram, nos fazendo sentir seres dispensáveis e pequenos, como um grão de areia. Quando pensamos que a vida já nos proporcionou momentos inesquecíveis e bons, e outros tão terríveis, ela nos impressiona de novo, nos faz despertar para as coisas simples da vida, pequenos momentos ou atos que nos fazem valorizar mais a nossa existência, como por exemplo, o abraço de um amigo, ouvir sua música preferida tocando no rádio, um milkshake delicioso, ou apenas um passeio na parte externa da camionete, sentindo a brisa refrescante da noite na pele. E assim, olhando por esse prisma, chegamos a conclusão de que a vida é infinita,  nós  somos infinitos, por nos proporcionar sentimentos e momentos infinitos, inesquecíveis, alegres, dolorosos, inesperados.


Este, é Charlie.


É dessa forma que Charlie começa a ver a vida, a sua vida. Charlie,  é um adolescente tímido, um pouco depressivo e com um passado “pesado” demais para a sua idade, é o protagonista de As Vantagens de ser Invisível (The Perks of Being a Wallflower, 2012), o filme mais singelo e encantador do ano. Logan Lerman (o Percy Jackson) com seu riso contido e olhos que dizem mais que palavras, imprime com louvor toda a sutileza e a inocência exigida pelo personagem, nos momentos mais exigentes, dramaticamente falando, o garoto nos impressiona. Logan já não precisa mostrar que tem talento para ninguém, mesmo que ele escolha futuramente se tornar astro de filmes de aventura.


Charlie vive todas aquelas frustrações que já vivemos algum dia, como gostar de alguém e não ser correspondido ou quando nos sentirmos deslocados, tentando achar aquele grupo ideal de amigos que podem tornar as nossas vidas mais emocionantes e divertidas.  É por esses motivos que eu  - e muita gente por aí -  se identificou tanto com o protagonista, eu particularmente, nunca torci tanto pelo final feliz de um personagem como neste filme, pois é assim que queremos que aconteça com a gente, que após os inúmeros percalços e decepções pelo qual passamos, no fim, tudo fique bem.

Sam


Se Logan Lerman arrebenta em sua performance, seus colegas de cena, Ezra Miller e Emma Watson não ficam atrás, o trio esbanja simpatia e talento. Miller se desfaz de todos os vestígios de raiva e incompreensão presente em seu papel anterior – um jovem que comete assassinato em massa numa escola - no denso Precisamos falar sobre Kevin, e se mune de extravagância e carisma para compor Patrick, amigo de Charlie. Quanto à eterna Hermione, está ótima como sempre, mostra que tem futuro pós - Potter,  sua atuação como a descolada Sam, é madura, vê-la na tela não lembra em nenhum momento a garota esperta de cabelo armado daquela saga cinematográfica.

As Vantagens de ser Invisível é perfeito, um clássico teen contemporâneo, é uma sequência  de cenas verdadeiras e comoventes, uma após outra. A produção é baseada no livro de mesmo nome, escrito por Stephen Chbosky, que para nossa sorte, também roteirizou e dirigiu esta adaptação cinematográfica. Agora tá explicado porque o resultado saiu com tamanha perfeição.

e Patrick.

Apesar de ser um filme teen com personagens que ainda estão no ensino médio, o autor/diretor conseguiu se livrar de todas as armadilhas de clichês que geralmente assolam as comédias adolescentes. Stephen realizou um retrato maduro, realista (por que não?) melancólico, mas também, muito divertido - as cenas em homenagem ao musical cult The Rocky Horror Picture Show são impagáveis.


"Aceitamos o amor que achamos que merecemos".

Chbosky foi feliz também na exploração dos temas tabus, é incrível a facilidade que ele trata de assuntos “pesados” de forma tão sutil, mas sem amenizar o impacto que sofremos quando eles vêm à tona. Isso, é claro, também é culpa dos bons atores, dos diálogos inteligentes, da trilha sonora indie rock dos anos 90.

As Vantagens de ser Invisível é apaixonante, daqueles que você sai do cinema morrendo de vontade de ver novamente, mas com um bônus, a música Heroes (escute aqui!), de David Bowie, que fica martelando na sua cabeça sem parar. É, aquela música do túnel...ah, o túnel, nunca mais passarei por um sem lembrar da belíssima cena protagonizada pelos três amigos e com a personagem de Samantha do lado de fora da camionete, sentindo a vida.

19 de outubro de 2012

Conheça as novas séries mais promissoras do ano





- Arrow: Com o fim de Smallville, o canal CW quis preencher o vácuo com outra série de heróis, o personagem que ganha as telas agora é o Arqueiro Verde. O primeiro episódio já me agradou. O canal acertou em cheio, Arrow surpreende, é mais adulta, violenta e menos inocente que Smallville. O protagonista Oliver Queen/Arqueiro Verde, é vivido por Stephen Amell, que já fez diversas participações na TV, sua atuação não é inspirada, também não compromete em nada a série, cá entre nós, analisar a atuação do cara é a última coisa que os espectadores querem fazer e saber, não é? Oliver é um rapaz rico que após um acidente que matou seu pai e uma “amiga", é dado como morto e fica desaparecido por cinco anos. Então, num belo dia de sol, ele retorna para colocar a sua máscara, se mune de arco e  flecha e vai combater o crime. Mistérios e draminhas envolvendo a família do herói, mais as cenas de ação empolgantes, Arrow é um ótimo passatempo e deve ser um dos sucessos da temporada. Tem trailer legendado aqui!


- Nashville: Começou a batalha das divas country na TV. Resumidamente, este é o plot principal da elogiada série Nashville, que estreou este mês, mas já conquistou a crítica e eu também, com apenas um (ótimo) episódio exibido, e visto, por este que vos fala. Connie Britton (American Horror Story) e Hayden Panettiere (a cheerleader de Heroes) são duas cantoras de música country, a primeira interpreta Rayna, a artista veterana, cuja carreira já começa a sinalizar decadência, a outra se chama Juliette, faz o estilo Taylor Swift, estrela jovem em ascensão e bastante popular, porém, bem menos talentosa que a sua rival “madura” e super adepta do autotune (não, não acho que a Taylor use esse recurso). A série me cativou por diversas razões, as boas atuações, a trilha sonora country onipresente e deliciosa, um roteiro bem construído e por mostrar o universo musical de uma forma impiedosa e bastante condizente com a realidade. Parece que a suposta rivalidade entre artistas pop inspirou uma série que tem tudo para ganhar vida longa nas telinhas. Dá uma espiada no trailer.


- Hunted: Com Frank Spotnitz, um dos produtores de Arquivo X nos créditos, e um jeito bem Alias de ser (aquela espetacular série de espionagem com Jennifer Garner), Hunted é sinônimo de originalidade e frescor na TV. Para quem está saturado do “arroz com ovo” dos seriados americanos, a série é ideal,  não por acaso, o programa é britânico, exibida pelo canal BBC. Hunted mostra sua ousadia já nos primeiros vinte minutos do primeiro episódio. Com pouquíssimos diálogos, uma fotografia esverdeada e obscura,  conhecemos a protagonista Samantha (Melissa George, que também participou de Alias) numa missão de resgate, a sequência é repleta de tensão, suspense, ação e reviravoltas de cair o queixo, é isso mesmo, e só estamos nos primeiros minutos da série, estamos completamente “perdidos”, nada sabemos da trama, exceto por Samantha ser uma espiã habilidosa ao extremo e que foi traída por seu namorado. Hunted é direta, violenta, crua, complexa, uma experiência inusitada. A primeira temporada já está fechada pela emissora (viva!), e terá um total de oito episódios, com duração de aproximadamente uma hora cada. Oh, o trailer!


- Revolution: O que seria de nós se a energia elétrica acabasse de uma hora para outra, sem qualquer explicação? Essa é a ideia principal da nova série de J J Abrams, Revolution. Apesar de ter um piloto fraco, eu garanto, esse drama pós apocalíptico é bem superior à outra empreitada televisiva do produtor, Alcatraz, um fracasso retumbante do início do ano. Revolution tem boas cenas de ação, é repleta de reviravoltas, e como em Lost, novos elementos são adicionados à trama a cada episódio e a narrativa alterna entre o presente e o passado. Mesmo com um início não muito empolgante, a série vai ficando melhor nos episódios seguintes, e ao contrário de Alcatraz, a trama tem potencial e parece rumar um caminho certo já estabelecido. O drama de ação scifi ganhou temporada completa de 13 episódios, vamos torcer para que a série tenha sucesso e não “se perca” até o final da temporada. Confere a prévia.


- 666 Park Avenue: Eu sei que é cedo, mas com quatro episódio exibidos, 666 Park Avenue pode ser considerada uma grata surpresa, ao menos para mim, que não esperava nada da série. É um seriado de terror e suspense, é um equívoco compará-lo com American Horror Story, até porque AHS é bizarro demais e tem um estilo inigualável. A trama? Ah, Jane e Henry são um casal que se mudam para um prédio antigo e luxuoso de Nova York, onde se tornam síndicos. Terry O´Quinn (Lost) interpreta o dono do prédio, o capeta em pessoa, que oferece a  seus inquilinos a realização de desejos por meio de um pacto com o diabo. Ok, a história não é nada original, transbordam clichês,  mas prende a atenção do começo ao fim, tem personagens carismáticos, Terry está ótimo em (mais) um papel enigmático, tem aqueles momentos angustiantes e cenas de suspense hipnotizantes, ideal para quem ama o gênero. Uma série bem descompromissada. Gostei. Veja o trailer sinistro.

Outras duas séries também merecem serem listadas aqui, a comédia gay The New Normal, e o thriller de ação e conspiração Last Resort, duas séries envolventes e de qualidade. Clique nas fotos e veja o trailer.



16 de outubro de 2012

Os Infratores


Nos anos 30, no período da Lei Seca, que proibia a produção, comercialização e o transporte de bebidas alcoólicas, três irmãos (Forrest, Howard e Jack) que vivem de contrabando ilegal de bebidas, tentam driblar a lei a todo custo e com muito derramamento de sangue. Esta é a premissa do excelente Os Infratores (Lawless, 2011) um drama de gângster comandado pelo diretor do pós-apocalíptico A Estrada, John Hillcoat. 

Os irmãos Bondurant possuem a fama de serem indestrutíveis, e são temidos pela população por serem homens que procuram resolver seus problemas com violência. Se o irmão do meio, Forrest (Tom Hardy) esbanja troglodice com seu porte físico imenso e seus resmungos incompreensíveis, Jack (Shia LaBeouf), o caçula, não amedronta ninguém. O personagem de Jack é o que mais se desenvolve no filme, aprende a duras penas a ser um verdadeiro Bondurant, numa versão menos rústica e mais sofisticada é verdade, ele passa a negociar com mafiosos mal encarados e também se transforma em um gângster, daqueles típicos de cinema, com roupas caras e um carro estiloso para ser exibido em toda a cidade e para seu interesse romântico, a angelical Mia Wasikowska.

Irmãos Bondurant: Howard, Jack e Forrest.

A vida dos irmãos vira um inferno com a chegada do detestável agente de polícia, interpretado com intensidade assombrosa por Guy Pearce - que merece mesmo uma indicação a algum prêmio cinematográfico no início do próximo ano – seu personagem é um cínico policial que deseja ter uma parte nos lucros da empresa dos Bondurant. LaBeouf também se destaca, nos mostra uma atuação bastante inspirada, e quase ofusca seu colega de cena, Tom Hardy, numa composição bem parecida com o seu personagem lutador no longa Guerreiro (já falei muito desse cara aqui, confira!). O elenco ainda conta com a beleza ruiva de Jessica Chastain e do camaleão Gary Oldman, numa participação pequena, mas relevante.

Guy Pearce: atuação memorável em um papel fácil de odiar.

Assim como os irmãos Bondurant, Os Infratores é um filme brutal, mas não se restringe a isso, também emociona, tem uma história bem contada e prende a atenção, personagens cativantes, um vilão que adoramos odiar, momentos inacreditáveis, e como todo bom filme policial, as cenas de bang bang não desapontam. Um dos melhores filmes do ano. Merece todos os elogios que vem colhendo da crítica especializada nos últimos meses. Tá esperando o que para conferir este filme no cinema?

8 de outubro de 2012

AMANHÃ - Quando a Guerra Começou




Jovens se tornam guerrilheiros do dia pra noite em Amanhã – Quando a Guerra Começou, filme australiano baseado na série de livros Tomorrow – When The War Began,  do autor John Marsden.

A história é sobre sete jovens que saem para acampar por alguns dias e quando retornam, descobrem que a cidade foi invadida por um exército – não se sabe de onde – e as famílias estão aprisionadas e sofrendo represálias. A produção tem seus defeitos, mas surpreende.

O diretor Stuart Beattie, que foi roteirista da franquia Piratas do Caribe, mostra que é hábil em construir momentos de tensão e sabe realizar boas cenas de ação, destaque para a incrível perseguição com o caminhão de lixo.

O inimigo desconhecido se aproxima...

Se Quando a Guerra Começou ganha em termos técnicos, efeitos especiais convincentes e nas habilidades do diretor já mencionadas, o filme peca por apresentar personagens exageradamente estereotipados, junta-se a Ellie, a destemida líder do grupo, uma patricinha (a mais legal do grupo), um bobalhão, um covarde, um garoto tímido, a melhor amiga (insossa) da líder, e por último, a religiosa que vai ter que vencer seu medo, passar por cima de seus princípios e carregar uma arma.  Situações forçadas e diálogos não muito elaborados completam o quadro, porém, a  interação entre essas pessoas de personalidades tão distintas, até causam momentos engraçados, e não será nenhuma surpresa se até o final do filme você começar a gostar e torcer por algum deles.

Se esconder agora faz parte da rotina!

Sem nenhum nome conhecido no elenco, Amanhã – Quando a Guerra Começou é um filme de guerra teen eficiente, divertido, de qualidade, mostra que não só Hollywood tem condições de realizar megaproduções. Infelizmente, esta produção não obteve tanta repercussão, mas é questão de tempo até algum grande estúdio americano resolver fazer um remake com atores mais conhecidos do grande público.

Lançado em 2010, somente este mês o filme chega às locadoras e com o título Guerreiros do Amanhã. Se você se incomodar com o final aberto desta primeira parte, você pode começar a ler os sete livros da série, já disponíveis no Brasil e conferir nas páginas o que esse grupo ainda vai aprontar. Uma continuação deste longa já está sendo preparada, mas até chegar por aqui....Curtiu? Veja o trailer!

3 de outubro de 2012

Looper - Assassinos do Futuro



Com os medíocres Prometheus e O Vingador do Futuro, o gênero ficção científica não estava sendo muito bem representado este ano, o cenário então, mudou com a estreia do elogiado Looper – Assassinos do Futuro (2012), considerado por muitos, o scifi movie do ano. Eu assino abaixo, é um ótimo longa-metragem, mas penso que a crítica exagera um pouquinho usando termos superlativos nas resenhas dedicadas a produção, que não é perfeita.

De forma bem resumida, o enredo do filme é sobre os Loopers, assassinos profissionais que são pagos para aniquilar pessoas que vem do futuro. Joseph Gordon-Levitt é um desses profissionais, seus planos particulares de se mudar para França e deixar esse ramo perigoso são "soterrados" quando ele tem a missão de matar ele mesmo, o seu “eu” do futuro, interpretado por Bruce Willis.

Gordon-Levitt: De romântico rejeitado a astro de filme de ação! 

Gordon-Levitt está quase irreconhecível, sua feição foi alterada para que ele se parecesse com Bruce Willis, o resultado é mesmo impressionante. O jovem ator vem se afirmando como herói de ação nos últimos anos em produções cultuadas como A Origem e O Cavaleiro das Trevas Ressurge, e se mostra um dos astros mais camaleônicos e promissores do cinema. Bom, eu já apostava nele desde o bacana 10 Coisas que eu Odeio em Você.

Rian Johnson, diretor que já havia trabalhado com Joseph em Brick, um drama noir teen bem interessante, faz um competente trabalho aqui, realizou um filme dinâmico, cheio de surpresas, pegou um tema “batido”, a tal viagem no tempo, e a explorou de forma inovadora e descomplicada, além das cenas de ação bem elaboradas, como a sequência arrepiante envolvendo o personagem de Paul Dano, e que nem vou citar aqui para não estragar a surpresa.

Blunt esbanjando beleza e talento!

Os pontos negativos de Looper se restringem apenas ao personagem descartável e irrelevante vivido por Jeff Daniels, o chefe mau dos assassinos, e à segunda metade do filme, que marca a entrada de Emily Blunt na trama (não, a culpa não é dela), a história muda um pouco de foco, se arrasta em certos momentos, mas nada disso compromete o eletrizante final e no melhor estilo X-Men.

Original e envolvente, Looper - Assassinos do Futuro é sem dúvida um dos melhores filmes de ficção científica do ano, uma inesperada surpresa de 2012. Ah se Prometheus tivesse um por cento da coerência do roteiro deste filme aqui....
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