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29 de julho de 2012

Pelé, Stallone e a Fuga Para a Vitória


Em clima olímpico, o Cinemidade indica um dos melhores 
filmes de futebol já realizado



Os nomes Sylvester Stallone, Pelé, Michael Caine e nazismo, juntos na mesma frase podem soar estranho, no mínimo curioso, mas imagine eles compartilhando um mesmo cenário? Pois então, a estranheza inicial desta combinação se desfaz logo nos primeiros minutos de Fuga para a Vitória (Escape to Victory, 1982) um divertido longa-metragem sobre aquele bom e velho futebol e ambientado em tempos de guerra.

Michael Caine interpreta Colby, um ex-jogador de futebol que agora é treinador de um time formado por prisioneiros de guerra. No campo alemão de prisioneiros onde vive, Colby é convocado pelo major Steiner (Max Von Sydow), a realizarem uma partida contra o time alemão.  Claro que a proposta significa mais uma forma de ostentação nazista e uma manifestação de superioridade da raça ariana, do que a partida em si.

Vai que é tua Sylvester!

O time de Colby é repleto de estrelas dos gramados e do cinema. Caine é o treinador. Stallone é o goleiro que está ali contra sua vontade e tem sempre algo engraçado a dizer: “Onde eu fico na hora do escanteio?”.  Edson Arantes, o Pelé, e Bobby Moore, um famoso jogador inglês dos anos 60 e 70 são algumas das lendas do futebol que aparecem no filme, e mostram que sabem mais que fazer dribles e dominar a bola no pé.

Pelé, por exemplo, toca gaita, atua e ainda dá uma aula de futebol ao “Rocky” Stallone. Ah, e só para informar aos mais desavisados, Pelé marcou 6 gols de bicicleta em toda sua carreira e não cinco como consta nos registros oficiais.  O sexto, ele marcou contra os alemães neste filme numa partida dramática e comovente. Acho que este belo gol fictício deve ser considerado, por que não?

Cena inusitada: Pelé dando umas aulas para o Rocky.

Fuga para Vitória diverte não só por vermos grandes jogadores “brincando” de atuar e Stallone interpretando um goleiro irregular, um papel bem diferente do que estamos acostumados, mas também pelas lições de moral e mensagens transmitidas. O longa deixa claro como a energia do esporte pode trazer mudanças às pessoas, principalmente em momentos de pessimismo e opressão, isto é evidente quando os jogadores decidem colocar em risco a liberdade em troca de uma vitória digna, honrada.


Este filme é baseado numa história verídica, mas o final foi diferente do inventado pelo diretor John Huston.  Os verdadeiros jogadores-prisioneiros de guerra que jogaram com os alemães, ganharam lugar de destaque não somente na história do futebol, mas do esporte, pois foram ameaçados pelos arianos e se vencessem o jogo, morreriam. Eles são a máxima representação do caráter e da camaradagem que o desporto pode ofertar. Em face da morte, decidiram encarar o destino cruel que lhes foi reservado, mas não perderam sua integridade. Enfrentaram não só o destino, como seus rivais. Foram vitoriosos e, por consequência, executados. Partiram de alma limpa, caráter imaculado e memória perpétua no hall da fama do esporte.


24 de julho de 2012

Estou Aqui (I´m Here)


 Curta de Spize Jonze conta uma bela e surreal história de amor 
entre robôs




Spike Jonze é um dos diretores mais inventivos da atualidade, quem já assistiu Quero Ser John Malkovich, Adaptação e Onde Vivem os Monstros,  ou os vários clipes que ele já realizou para artistas como Fatboy Slim e Bjork, sabem disso. O estilo surreal e singelo do diretor se mescla no curta-metragem Estou Aqui (I´m Here, 2010). A produção é de dois anos atrás, mas é um curta que não tem prazo de validade, pois fala de um tema universal e inesgotável, o amor. 




Estou Aqui conta a história de dois robôs que se apaixonam. Sheldon, vivido por Andrew Garfield, o novo Homem-Aranha, é um robô solitário, trabalha numa biblioteca e sua vida não oferece grandes emoções, até que ele encontra Francesca (Sienna Guillory), a robô descolada e festeira que logo o fascina.

Bom, não é legal de minha parte falar muito sobre o curta, então, reserve meia hora de seu dia para ver esta bela e melancólica história de amor filmada com sensibilidade e esmero por Spike Jonze e não se arrependerá, você vai querer espalhar o vídeo para todos os seus amigos imediatamente. Assista ao curta abaixo:






Spike Jonze tem se dedicado bastante a produção de curtas-metragens ultimamente, no ano passado ele lançou o paranoico e tenso Scenes From Suburbs, feito para a banda Arcade Fire. 

17 de julho de 2012

O essencial de Christian Bale



O mês de julho está aí, e com ele vem a estreia do filme mais aguardado do ano, Batman -  O Cavaleiro das Trevas Ressurge, o último capítulo da trilogia do herói de Gothan City. O longa chega aos cinemas no dia 27, até lá, você pode ir se preparando e assistir os melhores trabalhos de seu intérprete, o ator Christian Bale. Ele já foi psicopata, playboy, herói, operário, lunático, mágico, é um dos atores mais versáteis e corajosos de Hollywood, e um dos meus preferidos.  Confira abaixo os filmes must see do astro, a trilogia Batman não está na lista, por ser seu papel mais conhecido e cujas obras-primas dispensam indicações.


Psicopata Americano (American Psycho, 2000) – Pele bonita, corpo saudável, bom gosto musical e  figurino impecável, rico e bem sucedido profissionalmente, Patrick Bateman beira à perfeição, se não fosse seu materialismo exagerado e seus impulsos de serial killer. É Christian Bale em seu melhor momento, não por acaso, a partir daqui sua carreira deslanchou de vez, só faltou uma indicação ao Oscar. Há rumores que o filme vai ganhar uma refilmagem (desnecessária), mas seja lá quem for interpretar o papel de Bateman, nunca será superior ao psicopata insano vivido por Bale.



O Grande Truque (The Prestige, 2006) – Entre Batman Begins e The Dark Knight, Christopher Nolan e Christian Bale se uniram novamente para realizar esse suspense psicológico surpreendente sobre dois mágicos rivais. O elenco é invejável, tem Hugh Jackman, Scarlett Johansson e Michael Caine, uma direção de arte belíssima, e uma história repleta de surpresas de deixar cair o queixo. Mais um ótimo e original trabalho do Mr. Nolan.



O Operário (The Machinist, 2005) – Foi aqui que conhecemos a capacidade incrível do ator de se transformar fisicamente para viver um personagem. Para viver Trevor Reznik, ele perdeu quase 30 quilos, o resultado na tela é assustador, vê-lo em cena nesse estado de magreza absurda chega a ser chocante. O suspense, é sobre um homem que não dorme há um ano e começa a sofrer de paranóia, acreditando que alguém está conspirando contra ele. Mais uma ótima performance do rapaz, e que revela suas preferências por papéis exigentes.



O Vencedor (The Fighter, 2010) – E cá está Christian Bale magricelo novamente. O personagem de um ex-boxeador que mergulha no mundo das drogas e retorna ao ringue para ajudar o irmão, vivido por Mark Wahlberg, rendeu finalmente, o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante para ele. Melissa Leo e Walhberg também foram indicados nas premiações daquele ano. Um drama familiar com resquícios de Rocky – O Lutador bem dirigido e emocionante, e indicado a  todos os públicos.



Império do Sol (Empire of the Sun, 1987) – Com apenas 13 anos, Bale desbanca milhares de crianças e ganha seu primeiro papel no cinema,  e ainda é conduzido por ninguém menos que Steven Spielberg. Jim Grahan é um garoto com um padrão de vida alto, mas  se perde de seus pais numa manifestação violenta na rua e vai parar num campo de concentração japonês durante a Segunda Guerra Mundial. A atuação de Christian, ainda pequeno, é espantosa, e o longa de guerra, segue a linha dos dramas de Spielberg que já estamos bem familiarizados, com aquele final bem comovente de encher os olhos de lágrimas.




Equilibrium (2002) – O trabalho menos conhecido de Christian Bale, porém, esta ficção científica de orçamento modesto merece figurar aqui na lista pelo status cult que vem ganhando ao longo do tempo.  Equilibrium desde sua estreia vem sendo comparado à Matrix, o figurino do personagem de Bale e o visual sombrio futurístico podem ter sido influenciados pelo cultuado filme dos Wachoski, mas para por aí. O enredo se passa num futuro próximo, após uma terceira guerra, e para evitar uma outra, o "líder” da cidade planeja injetar uma droga que inibe qualquer tipo de sentimentos em todas as pessoas. Bale se sai muito bem dando uma de “Neo”, mas bem menos robótico que o personagem de Keanu Reeves. Ah, e as cenas de ação são de tirar o fôlego. Uma pérola do gênero a descobrir. Confira o trailer.


Menções honrosas a estes ótimos filmes:  Os Indomáveis, O Sobrevivente, Inimigos Públicos.

14 de julho de 2012

The Newsroom: o jornalismo em pauta





Não fazemos boa televisão, fazemos o noticiário”. Mackenzie MacHale





A cena que abre a nova série da HBO, The Newsroom, foi o suficiente para eu colocar o programa na minha watchist semanal. Criada por Aaron Sorkin (roteirista de A Rede Social), The Newsroom começa com um debate político, no qual o âncora de um telejornal, Will McAvoy (Jeff Daniels, excelente), se esforça através de muito cinismo e piadinhas para manter-se neutro em questões políticas, até uma estudante perguntar a ele porque o Estados Unidos é o melhor país do mundo. O jornalista tenta se esquivar da pergunta, mas logo deixa sua passividade de lado e dispara dados e argumentos que explicam o porquê o EUA NÃO é o melhor país do mundo, deixando todos de boca aberta. 

Emily e Jeff: sinto cheiro de Globo de Ouro vindo...

The Newsroom é de longe, a melhor série estreante do ano, e olha que já estamos na metade do ano e já tivemos muitas estreias, mas infelizmente nenhuma delas correspondeu às expectativas. O seriado se passa na redação de um telejornal, Will é o âncora furioso e arrogante de quem todos têm medo, sua vida e rotina muda quando sua ex, Mackenzie Machale (Emily Mortimer, de Ilha do Medo) torna-se a sua mais nova produtora. A dupla apresenta uma química irretocável, é uma delicia vê-los numa mesma cena. 

O elenco ainda conta com o blogueiro Neal (Dev Patel, finalmente em algo relevante após o hit Quem Quer ser um milionário?), Maggie (Allison Pill, dos ótimos Querida Wendy e Scott Pilgrim Contra o mundo), assistente de Will, mas cujo nome ele ainda desconhece, e o produtor-assistente de Mackenzie Jim Harper (John Gallager Jr.), também responsável pelas cenas cujos diálogos com sua colega Maggie, devem ser os mais rápidos – e por isso, tão surpreendentes - da televisão.

Maggie, a jovem jornalista leal, e  Neal, o blogueiro.

Acompanhar o ritmo frenético dos diálogos nessa série não é uma tarefa fácil, pode ser mentalmente exaustivo, porque os personagens falam até enquanto andam. Lembra da cena de abertura de A Rede Social, aquela cena em que o protagonista tem uma conversa bem longa com sua namorada numa velocidade espantosa? Pois é, esses diálogos acelerados, afiados e inteligentíssimos, são o maior trunfo da série.

O programa é ambientado no ano de 2010, e o derramamento de petróleo no Golfo do México naquele ano (se lembra?) é a notícia que faz toda a redação trabalhar unida e exaustivamente  para dar a informação em primeira mão. O jornalismo pode ter ficado em segundo plano nos primeiros dois episódios – exceto pelos momentos de tensão que rola em alguns momentos nos bastidores do telejornal -  em virtude dos dramas pessoais, como a relação de amor e ódio entre Will e Mackenzie, e a tensão sexual entre Maggie e Jim, mas isso não é defeito algum. O personagens são todos cativantes, cultos (até demais) e apaixonados pelo que fazem,  Maggie,  por exemplo, acredita no jornalismo honesto, sem ferir pessoas, impossível não se identificar com ela.

Elenco rindo à toa. A audiência da estreia da série foi altíssima.

The Newsroom estreou no mês passado e já foi renovada para sua segunda temporada, é engraçada, inteligente, sagaz, e muito bem produzida, e claro, deve abocanhar muitos troféus nas próximas premiações, principalmente Jeff Daniels e Emily Mortimer, ambos em performances competentíssimas. É uma série que pode não mostrar a redação como ela é realmente, mas para o roteirista Aaron Sorkin, isto é apenas uma forma dele descarregar suas ideologias e suas críticas contra a sociedade e a política americana.

Outra série que aborda os bastidores do jornalismo já foi pauta aqui no blog, a britânica The Hour, ambientada nos anos 50 e muito bem aceita entre a crítica especializada. Leia mais aqui!


9 de julho de 2012

O Espetacular e simpático Homem-Aranha



O reboot do filme do “amigo da vizinhança” surpreende, diverte, mas eu continuo achando que recontar a história de origem do homem-aranha ainda é desnecessário, um indício de preguicite aguda em Hollywood. Por que não continuar a saga do aracnídeo com novas aventuras, já que faz apenas cinco anos que a trilogia interpretada pelo Tobey Maguire chegou ao fim? Falta de imaginação à parte, o que vale é que este “novo começo” comandada pelo diretor de 500 Dias Com Ela, Marc Webb, apesar de previsível e um roteiro bem redondinho, é bem agradável. O Espetacular Homem-Aranha (The Amazing Spider-Man, 2012) traz um novo fôlego à franquia, e isso se deve em grande parte ao carisma dos atores principais, Andrew Garfield e Emma Stone.

Se você não curtiu a escolha de Garfield (A Rede Social) para o papel de Homem-Aranha na época em que ele foi selecionado, é porque obviamente você é daquelas pessoas  que adoram julgar as coisas antes de vê-las. O jovem ator conseguiu atribuir outra personalidade ao herói, esqueça o jeito bobalhão de Maguire, o ‘novo’ Spider-Man,  ainda um pouco bobo, é bem mais malandro, debochado, destemido, e  tem uma doçura genuína no rosto do rapaz que cria uma empatia imediata com o personagem, e compensa até o roteiro ligado no “piloto automático".



A nova queridinha do cinema, Emma Stone, está radiante como sempre, ela interpreta Gwen Stacy, está loira e bem diferente de sua personagem bitch de A Mentira, e sua relação com o Peter Parker se mostra bem mais aprazível e menos complexa (isso é bom) que a do casal da franquia dirigida por Sam Raimi.

O roteiro foi feliz ao criar novas (e boas) situações para momentos que o público já conhecia, como  a cena em que Parker é mordido pela aranha, ou a cena em que Peter começa a treinar suas habilidades pela primeira vez, nesta segunda versão, o momento de descoberta de poderes tem a linda música Til Kingdom Come do Coldplay ao fundo,  uma sequência bem montada e engraçada, e bem superior à do primeiro longa. 


   
Se Marc Webb acerta na trilha sonora pop/rock/indie, nos diálogos afiados, e na construção do relacionamento entre Stacy e Parker,  o diretor se mostra bem limitado nas cenas de ação, não há nada bem elaborado aqui, porém é compreensível, é um diretor de comédia né gente, mas não se preocupem, as cenas de ação são divertidas e empolgam, principalmente a do metrô, impagável.

O Espetacular Homem-Aranha não é assim, espetacular, nem superior ao filme de Sam Raimi, mas consegue retomar a franquia de forma positiva e promissora, e Andrew Garfield nos apresenta uma performance digna de calar a boca de muita gente que torcia o rosto para ele e para o filme, seu Homem-Aranha se mostra bem mais simpático que o de Tobey Maguire, embora eu ainda goste bastante da versão deste.

1 de julho de 2012

W.E. - O Romance do Século



O drama W.E. – O Romance do Século (2011), para quem não sabe,  é o último filme produzido, escrito e dirigido por Madonna, e ao contrário do que dizem por aí, é um bom filme, com suas falhas, mas longe de ser uma bomba. Até a crítica especializada foi “boazinha” com ele, chamando-o de “esforçado”, sentimento nunca demonstrado antes com os trabalhos anteriores da cantora como Destino Insólito e Sujos e Sábios. Não vi nenhum desses, mas percebo que Madonna está aos poucos aperfeiçoando sua habilidade como diretora.

O enredo é sobre o romance histórico, real e controverso entre o rei Edward VIII (James Darcy) e uma americana chamada Wallis Simpson lá na década de 30.  Wallis (vivida por Andrea Riseborough) não é da nobreza britânica, é estrangeira, e antes de ser envolver com o Príncipe de Gales, o Edward, ela já tinha passado por dois casamentos. Obviamente que a família nobre do rapaz e nem o povo gostaram de sua escolha. Com o assédio da imprensa e a não aprovação do governo para o casamento, Edward abdicou do trono, preferindo está acompanhado de sua amada Wallis. O casal foi exilado na França, levando o nome de Duque e Duquesa de Windsor. Wallis ficou conhecida desde então, como a mulher que tirou o rei de seu povo. Em W/E, Madonna tenta melhorar a imagem da duquesa, mostrando que ela nunca teve a chance de contar o seu lado da história.

"Hey, acho que te conheço de algum outro filme..."

Talvez o filme fosse mais feliz se fosse centrado apenas neste romance de época, mas a diretora preferiu contar em paralelo outra história, a de Wally (Abbie Cornish de Sucker Punch), uma mulher apaixonada e obcecada pela história de Edward e Wallis. Esta parte contemporânea do filme não é chata, apesar de tornar o início do filme confuso, porém, acompanhar o desenvolvimento do relacionamento entre ela e o segurança Evgeni (Oscar Isaac, também de Sucker Punch) é bem divertido, torcemos por eles e tudo mais, mas demora muito a engrenar e quando começa, perde força nos momentos finais, transformando a parte que trata do romance proibido da realeza bem mais interessante.

O romance proibido da realeza. 

No geral, Madonna fez um trabalho competente e com boas atuações – pode-se ignorar aqui até os enquadramentos repetitivos e o roteiro um pouco confuso - mas vale citar, nada como uma mulher de personalidade forte para contar a história sobre outra figura feminina igualmente intensa e corajosa.  Destaque para o belo figurino e a despojada trilha sonora, incluindo a balada Masterpiece da cantora, confere aqui o vídeo com cenas do longa.
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