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16 de dezembro de 2010

ENTERRADO VIVO: Um pequeno grande filme!

Depois dos créditos iniciais a la Hitchcock, vem o escuro e o silêncio. Logo apenas se ouve a respiração de alguém. São segundos de agonia e que apenas diminui quando Paul Conroy (Ryan Reynolds) acende o isqueiro e percebemos, junto com ele, que está preso num caixão. A sensação de angústia é incômoda, claustrofóbica e constante durante todos os 95 minutos de Enterrado Vivo (Buried, 2010), filme independente espanhol dirigido por Rodrigo Cortés, seu longa de estréia como diretor.

Paul é um caminhoneiro americano que está a trabalho no Iraque e que após uma emboscada é enterrado vivo por terroristas. Com apenas um isqueiro e um celular Paul tenta manter-se vivo e sã. É através das conversas dele pelo celular que temos conhecimento de sua história. É também a partir do telefone, que lhe chega o desespero, o medo de morrer, mas também a esperança, sentimento com o qual ele - e todos nós – se apega a cada toque emitido pelo aparelho. Assim como Paul, somos levados a ter esperança até nas situações mais críticas e mais pessimistas. Se ele morre ou não, bom, terão que assistir.

"Me tirem daqui! Não estou mais com a Scarlet!"

Se você pensa que um filme ambientado totalmente dentro de uma caixa de madeira, com pouca luz, e com apenas um personagem - o isqueiro e o celular são praticamente coadjuvantes – são ingredientes que podem tornar um longa chato e entediante, engana-se. Aí entra o grande mérito do diretor Rodrigo, que conseguiu atribuir ao longa originalidade, imprevisibilidade, agilidade no enredo, situações inimagináveis, doses cavalares de tensão e tortura psicológica, e ainda arrumou espaço para uma crítica ao governo americano.



Reynolds - que dizem os tablóides, agora é ex de Scarlet Johansson - é outro fator importantíssimo para a construção da atmosfera do filme. Sua atuação é surpreendente, principalmente se ressaltarmos que ele não contracena com ninguém, além dele mesmo, apenas com a voz do outro lado do telefone. Seu personagem apresenta sentimentos díspares como esperança, raiva, medo, dor e alívio de uma forma tão real, que é impossível ficar alheio á sua situação.


Enterrado Vivo é um pequeno grande filme, um candidato a cult, surpreendente, corajoso e barato. Uma prova de que não é necessário milhões de dólares para realizar um boa fita de entretenimento, apenas uma boa idéia na cabeça.

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