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19 de setembro de 2010

Antes que o Mundo Acabe

Um retrato delicado e nostálgico da adolescência!


O cinema nacional descobriu – finalmente - que a temática juvenil pode render ótimas produções , além de direcionar os filmes brasileiros para um caminho que não seja a mesmice – favela/sertão nordestino – tão incansavelmente retratada nos longas brasileiros ultimamente. Os três filmes lançados este ano que falam sobre adolescentes e jovens foram muito bem recebidos pela crítica especializada. Aqui estão eles: As Melhores Coisas do Mundo, Os Famosos Duendes da Morte e Antes que o Mundo acabe. Não vi os dois primeiros, mas o terceiro já é um dos melhores filmes do ano.


Realizado pela Casa de Cinema de Porto Alegre, produtora que nos brindou com outros bons filmes como Meu tio Matou um Cara , Saneamento Básico - O Filme, entre outros, Antes que o Mundo Acabe é mais um maravilhoso filme a figurar na lista dessa produtora gaúcha.

Ana Luiza Azevedo é estreante na direção, e de cara logrou fazer uma obra simples, delicada e honesta. Daniel (Pedro Tergolina), um adolescente de 15 anos é o protagonista do filme. Daniel tem variações de humor constante. Seu humor piora quando é abandonada pela namorada Mim (Bianca Menti). E piora mais quando descobre que seu melhor amigo Lucas (Eduardo Cardoso) está gostando da garota e vice-versa. E para agravar mais a vida do garoto, recebe a carta do seu pai, um fotógrafo que está na Tailândia, e que ele nunca o conheceu.

Daniel: problemas sem solução!


É o fim do mundo para Daniel, ou pelo menos, ele pensa assim. O garoto, se sentindo rejeitado e incompreendido por todos, começa a viver uma confusão interna e cheios de sentimentos dúbios. Não entende o comportamento de Mim, sua ex-namorada. Não sabe se ela gosta dele ou de seu amigo Lucas. Ele não sabe agir diante dela e nem de seu amigo. Às vezes, Daniel rasga a foto de seu amigo, mas em outra hora percebe que a amizade de Lucas é mais importante que qualquer conflito existente.


Daniel está em busca de uma identidade, normal na vida de qualquer adolescente. Ele começa a receber fotos da Tailândia de seu pai, e aos poucos ele vai rompendo a distância existente entre eles, e começa a conhecê-lo de verdade e aprende que o mundo é bem maior e complexo do que ele imagina.
Mim e seu amigo!
Frustrações com amigos e garotas, ataques de fúria, arrependimentos, sentimentos confusos e de deslocamento são abordados em Antes que o Mundo Acabe, sempre de uma maneira leve , carinhosa e verdadeira. Às vezes o espectador tem raiva de Daniel e torce pelo seu amigo Lucas, ás vezes acontece o contrário ou torcemos pelo protagonista e xingamos a namorada dele. A vida é assim, não existem pessoas completamente boazinhas ou más, mas circunstâncias que nos levam a atitudes vergonhosas e desagradáveis.

Esse retrato fiel da adolescência - é inevitável sentir saudades de nossa adolescência - é um dos maiores trunfos do longa. Um roteiro que evita o clichê, uma trilha sonora bacana, atores competentes – destaque para Pedro, o protagonista – e os recursos gráficos que ajudam a potencializar os dramas do garoto, faz dessa produção uma dos melhores filmes nacionais da década e que nos faz ter orgulho do nosso cinema novamente. Assista, Antes que o Mundo acabe.
Mim canta "beat acelerado" para seus amigos ! Veja aí:

6 de setembro de 2010

A Vida em Preto e Branco


O que você faria se tivesse acesso a um controle remoto mágico que o fizesse entrar na TV? Ou melhor, te transformasse num personagem daquele seriado que tanto ama?

Com certeza iríamos fazer muitas mudanças na história original, iríamos colocar em prática tudo aquilo que falamos e opinamos quando estamos sendo telespectador de um programa.

Bom, isso é o que fazem os protagonistas do simpático filme A Vida em Preto e Branco (1998). Aqui, os irmãos David (um Tobey Maguire pré-Homem Aranha) e Jennifer (Reese Whiterspoon, pré-Legalmente Loira) são transportados para um seriado de TV em preto e branco, passado nos anos 50 chamado Pleasantville – nome original do filme.
David e Jennifer logo se tornam os personagens Bud e Mary Sue respectivamente. E não demoram muito para eles alterarem o universo da série. A cidade de Pleasantville é perfeita, todos são excessivamente felizes, não há sexo e nada de sentimentos negativos ou qualquer tipo de acidente, seja ele provocado pela natureza ou não. Para se ter uma ideia, nesta cidade, o principal - e único - trabalho dos bombeiros é salvar os pobres gatinhos presos nas árvores.

Mary-Sue vai ser aquela que vai “corromper” as pessoas e infringir as leis da decência comum na cidade. É ela que vai dar uma cor – literalmente e metaforicamente – na vida cinza e preto e branco dos cidadãos de Pleasantville. Tudo começa quando ela leva seu namoradinho (um Paul Walker magricela e pré-Velozes e Furiosos) para a Alameda dos Amantes, lugar aonde os jovens vão para conversar, pegar nas mãos e....só. 

Bom, isso acontecia até a Mary-Sue fazer com que seu namorado sinta emoções e sensações nunca antes conhecidas. Logo, todos os jovens estão experimentando formas de prazer e descobrindo suas potencialidades. Mas a cada quebra na conduta dos moradores, o universo – as pessoas e seu comportamento, a cidade – do seriado começa a ser alterado e colorido.




A inocência, a felicidade, e a vida perfeita livre de qualquer problema dos cidadãos de Pleasantville começam a ser substituídos por violência, repressão, e despertando a ira dos mais conservadores. Logo, os “coloridos” são repreendidos pelos “cinzas” por aderirem à liberdade individual, por suprirem seus desejos sexuais e saírem de suas zonas de conforto.


A Vida em Preto e Branco, filme de Gary Ross, pode ser de doze anos atrás, mas os temas discutidos aqui nunca ficarão “velhos”. E esse filme trata de questões como acesso à cultura, igualdade, censura, liberdade de expressão sempre de uma maneira engraçada, leve e original. 

A direção de arte é magnífica – as cenas que mesclam cenários pretos em branco com objetos coloridos são quase uma obra de arte – e os atores dão um show. Além de Whiterspoon e Maguire, Joan Allen, William H Macy e Jeff Daniels se destacam em seus personagens. Uma agradável película que merece ser vista inúmeras vezes.
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