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3 de março de 2010

A Criada - Uma pequena pérola chilena




O Chile está em todos os noticiários. É uma pena que o motivo dessa notoriedade seja por fatos tão infelizes - refiro-me ao terremoto que atingiu o país - mas esse post é sobre algo bom e que pouquíssimas pessoas devem conhecer: o cinema chileno. 

Sim, eles têm sua própria indústria cinematográfica e acreditem, são filmes de qualidade, alguns até melhores que muitos filmes brasileiros. Como por exemplo, o premiado  A Criada (La Nana) - indicado ao Globo de Ouro este ano por Melhor Filme Estrangeiroe vencedor do Prêmio do Júri no Festival de Sundance. É sobre esse drama, feito de modo tão modesto, mas que conquistou tantos frutos nas principais premiações, que vou escrever.

Ao olhar para o cartaz da película e relacionarmos o título La Nana (em português, Nana significa empregada, aquela que trabalha o dia inteiro e dorme na casa do patrão), com a "cara feia" da protagonista na imagem, é inevitável não tirarmos conclusões precipitadas, como "ah, deve ser um filme no qual a empregada faz coisas malvadas com a família". Está errado quem pensar assim. 

O diretor Sebastián Silva sabia que um roteiro desse tipo poderia cair em várias armadilhas, mas ele foi inteligente e se livrou do "óbvio", resultando em um filme original, inquieto, imprevisível, nada de tragédia e o mais importante: prende a atenção do início ao fim. E grande parte da responsabilidade por esse último quesito, se deve pelo desempenho impressionante de Catalina Saavedra - ganhadora como melhor atriz no Festival de Sundance - que interpreta a Raquel, a empregada. 


Raquel é uma caipira da roça (como diz o Lucas, um dos filhos da patroa), está sempre de cara fechada, é de poucas palavras, ciumenta, não tem identidade própria, não tem amigos, é a única das seis irmãs que não tem família, vive em função da família no qual há vinte anos é empregada. Devido a um problema de saúde que a obriga ficar de cama por alguns dias, o seu maior e inevitável medo se materializa: é contratada uma ajudante para lhe ajudar ou como ela teme, tomar o seu lugar. 

La nana começa a tomar algumas "providências" - as melhores cenas do longa - para espantar as suas ajudantes, como por exemplo, tranca a porta da frente todas as vezes que as companheiras saem e liga o aspirador logo em seguida para fingir que não está escutando os gritos "Raquel, abra a porta".

É impossível simpatizar com a personagem no início, mas logo mudamos de opinião e percebemos que ela somente precisa de atenção e de alguém que ignore seu jeito de ser e a leve para descobrir um mundo imenso que existe por detrás das portas da bela casa de onde vive.

Assim como o brasileiro, o povo chileno não confia muito no cinema nacional, mas La Nana conseguiu a aprovação do público e encantou pessoas de várias idades. É um daqueles filmes agradáveis, fácil de gostar. 

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